Vale a pena solicitar o dinheiro do FGTS? Especialistas apontam destinos adequados para o recurso

A quantia de até R$ 1.045 estará disponível a partir do dia 29 deste mês e deve movimentar cerca de R$ 37 bilhões na economia

13:50 | Jun. 17, 2020

Os desafios que a pandemia do novo coronavírus trouxe em relação à defesa do consumidor será tema de live do Decon (foto: Fabio Lima)

Como forma de auxiliar na retomada da economia, o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) começará a ser feito a partir do dia 29 de junho, de acordo com o mês de nascimento dos trabalhadores. O calendário foi anunciado no último sábado, 13, pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

O governo federal vai permitir saques de R$ 1.045 por trabalhador para contas ativas e inativas com saldo no FGTS. Se uma pessoa tiver R$ 500 na conta, por exemplo é este valor que poderá sacar. Se tiver um valor maior, poderá acessar até R$ 1.045. É estimado uma injeção de recursos na economia do País da ordem de R$ 37,8 bilhões, segundo previsão do governo.

Leia TambémFGTS: calendário do saque emergencial vai de junho até novembro

O POVO conversou com alguns economistas sobre recomendações para o que deve ser feito com o recurso disponibilizado pelo poder público. Em relação a necessidades emergenciais ou pagamentos de dívidas, os especialistas foram unânimes: o dinheiro deve ser solicitado e empregado para esse fim.

Alfredo Pessoa, professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), pondera que a crise na saúde deixa boa parte da população com incertezas em relação a um futuro próximo. Ele argumenta que, mesmo que o recurso não seja necessário no momento, os beneficiários devem solicitar o dinheiro por prudência.

O pagamento de dívidas mais pesadas, com altas taxas de juros, também pode ser um bom destino para o saldo do FGTS, conforme o economista Alex Araújo. Ele lembra que, com a pandemia, é ainda mais importante que as famílias separem uma parte do dinheiro para quitar dívidas dívidas que crescem de forma acelerada.

“Estamos numa economia de guerra onde a saúde é o ponto principal. Os recursos devem ser utilizados com parcimônia e racionalidade nesse momento, apenas para pagamentos emergenciais ou essenciais”, complementa Pessoa.

É importante lembrar que o dinheiro estará disponível para saque ou transferência em uma segunda fase, entre julho e novembro. Inicialmente, os consumidores terão acesso ao recurso através de uma conta digital da Caixa e só poderão pagar contas, boletos bancários e fazer compras em estabelecimentos credenciados.

Tenho uma reserva financeira, vale a pena solicitar o dinheiro?

Para Alex Araújo, nesse caso, o melhor é deixar o dinheiro no fundo para uma retirada futura. Ele argumenta que o rendimento do dinheiro deixado no FGTS tende a melhorar com a redução de taxas de juros, como a Selic, uma das mais importantes para o sistema financeiro. O economista lembra que, ao fim de um contrato trabalhista, é possível sacar todo o dinheiro que foi acumulado ao longo dos anos. “Se não há pressão por consumo, é melhor que não utilize”, pontua.

Esse perfil de consumo, no entanto, é uma exceção diante da atual situação econômica do País, de acordo com Alfredo Pessoa. Ele argumenta que os índices de desemprego só tendem a piorar com o andamento da crise. “Já passou da hora do Governo Federal montar uma estratégia de retomada da economia com aumento dos gastos públicos com renda mínima e horizonte de geração de emprego”, defende.

O economista Francisco Leitão Vale, no entanto, discorda da importância de deixar o dinheiro no FGTS. O especialista defende que a contribuição obrigatória ao fundo seja revogada e as pessoas tenham a autonomia para destinar o dinheiro para onde preferirem. Ele argumenta que o dinheiro que é mensalmente destinado para o fundo poderia ser usado para que as pessoas tivessem um maior conforto financeiro, por exemplo. “As pessoas têm direito de escolher como gastar seu salário”, enfatizou.

(Com informações da Agência Estado)