Bancos públicos financiaram 83% da infraestrutura
09:10 | Jul. 18, 2016
"A situação econômica atual e o realismo desse novo governo do presidente Temer vai impedir que isso se repita. Mas temos um legado pesadíssimo que vamos pagar nas próximas décadas", afirma Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B e um dos coautores do estudo. Segundo ele, essa dependência quase absoluta pelos financiamentos com dinheiro público gerou uma série de distorções nos projetos.
"É como se o governo tivesse dado uma festa para alguns poucos, que tomaram um porre, e todos nós teremos que pagar a conta nos próximos anos", compara.
Qualidade
De acordo com o estudo, o Brasil deveria investir entre 4% e 5% do PIB em infraestrutura para se aproximar de países com níveis semelhantes de desenvolvimento.
Atualmente, pouco mais de 2% do PIB são investidos na área. A CNI avalia que, em um curto espaço de tempo, não é possível ao País alcançar uma taxa de investimento em infraestrutura na casa de 5% do PIB - não apenas por restrições macroeconômicas, mas pela ausência de projetos de qualidade.
"O aumento da participação privada no aporte de capitais e na gestão de empreendimentos é imprescindível para que o País reverta o quadro de atraso", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Diante da frustração de recursos que deve se manter nos próximos anos, é preciso uma revisão do modelo de financiamento para aumentar a participação das fontes privadas. No entanto, é improvável que instituições como fundos de pensão e seguradoras venham a ampliar de imediato sua exposição a papéis de infraestrutura.
Outras barreiras também dificultam a expansão do financiamento privado no setor, em especial o fato de as obras levarem um longo período para serem concluídas e para gerarem retorno financeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.