Número de inadimplentes sobe para 59,25 milhões em maio, dizem SPC Brasil e CNDL
11:20 | Jun. 16, 2016
"Ainda que, em números absolutos, represente um aumento no número de consumidores, (o resultado) é considerado uma estabilização: de março para abril o crescimento tinha sido de 500 mil brasileiros", comparam os analistas do SPC Brasil em comunicado à imprensa.
A estimativa significa que 39,91% da população brasileira com idade entre 18 e 95 anos não pagaram em dia alguma conta e ficaram com o "nome sujo". Entre os adultos de 30 a 39 anos, a proporção é ainda maior. Mais da metade (50,32%) está negativada, segundo o termo usado na área de cobrança. Nessa faixa etária, são 17 milhões de consumidores.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a variação na quantidade de consumidores negativados em maio reflete o atual cenário econômico com piora dos índices de renda, aumento das demissões, mas também o vislumbre de alguma melhora ainda em 2017.
Pinheiro afirma também que "ao longo dos últimos meses, o movimento da inadimplência (também) tem sido influenciado pela maior restrição ao crédito". "Por um lado, essa restrição limita o potencial de endividamento das pessoas, mas, por outro, a queda da renda impõe ao consumidor dificuldades para pagar dívidas e honrar seus compromissos financeiros", escreve o presidente no comunicado.
Das quatro regiões analisadas pelo indicador, é no Nordeste onde o número de inadimplentes mais tem crescido, com alta de 6,75% em maio frente a igual mês do ano passado. Em seguida aparecem as regiões Centro-Oeste (2,69%), Norte (2,61%) e Sul (1,53%).
O indicador não considera os dados da região Sudeste, que estão suspensos devido à entrada em vigor da Lei Estadual 16.569/2015, conhecida como "Lei do AR", que dificulta a negativação de inadimplentes em São Paulo.
Em termos proporcionais, a região Norte apresenta o maior número de consumidores inadimplentes: 47,02% da população adulta da região enfrenta problemas. São 5,38 milhões de nomes registrados nos cadastros de devedores na região. O Centro-Oeste, que possui 4,76 milhões de inadimplentes, tem a segunda maior proporção: 42,29% da população.
Água e luz
O SPC Brasil também verificou um crescimento de 3,57% no número de dívidas registradas nos cadastros de inadimplentes das quatro regiões consideradas na comparação anual - maio deste ano frente ao mesmo mês do ano passado. O maior avanço no número de dívidas foi devido a atrasos em contas de água e luz, com alta de 10,71% na comparação de maio com o mesmo mês de 2015. "Em meio à crise econômica, as empresas concessionárias desses serviços mostram mais disposição em negativar os consumidores inadimplentes antes de realizar o corte no fornecimento", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Apesar desse aumento no registro de atrasos em contas água e luz, as dívidas com os bancos são as que concentram, proporcionalmente, o maior número de pendências, com participação de 41,68% no total de dívidas em atraso das quatro regiões, seguido do comércio, com 24,19%, e do setor de comunicação, com 13,51%.