Como garantir conforto térmico em sua casa
01:30 | Mar. 19, 2016
Quem vive em região de calor sabe que administrar o clima não é questão de luxo, mas sim uma necessidade. O que muitas vezes não se sabe é que determinados detalhes no planejamento do espaço podem ser o suficiente para aliviar o calor – ou, em outros casos, potencializá-lo.
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Segundo Jáder Diniz, arquiteto do Nasser Hissa Arquitetos Associados, essa é uma preocupação que deve existir já no início do planejamento, visto que, na elaboração do projeto arquitetônico, o conforto térmico tem que ser trabalhado em conjunto com outros aspectos, como a acústica e os materiais que deverão ser utilizados.
Márcia Cavalcante, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta que é necessário, acima de tudo, aproveitar a incidência de ventos. “85% do nosso conforto (térmico) é gerado pela ventilação”.
Nas cidades do Nordeste há predominância de ventos principalmente vindo das direções sudeste e nordeste. Desse modo, a preferência costuma ser por construir os imóveis com a maior parte possível dos aposentos de convivência virados para o nascente (leste) e deixar áreas menos importantes, como cozinha e área de serviço, para o poente (oeste). Com isso, os espaços de convivência captam ventos do sudeste quanto do nordeste.
A varanda, além de funcionar como uma abertura, também tem outro papel importante na manutenção do conforto térmico. Como pronuncia-se para o exterior da casa ou do apartamento, o sol que bate nela não chega ao interior do imóvel, portanto, evitando que ele esquente mais, ao mesmo tempo em que provê ventilação. “Com a incidência direta do sol de Fortaleza, varanda é essencial. Faz uma diferença enorme quando tem uma na edificação”, explica Jáder.
As janelas também desempenham papel importante, mas é preciso saber usá-las. Quando há aberturas em paredes opostas a ventilação é potencializada, visto que assim o vento tem por onde entrar e sair, o que se chama de ventilação cruzada.
Priscila Lima, empresária, mora em seu apartamento já há mais de 20 anos e conta que sempre foi bem ventilado. Um fator importante para isso é a ventilação cruzada, possibilitada pela projeção do imóvel, que, segundo ela, deu bastante atenção a esse aspecto.
Legislação
A norma de desempenho de edificações habitacionais NBR 15.575, publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece exigências de qualidade para imóveis em aspectos como acústica, temperatura e iluminação. Ela está vigente desde julho de 2013. A norma exige, por exemplo, que a temperatura interna de cômodos de permanência prolongada (salas e quartos) seja igual ou menor à temperatura no exterior do imóvel. Outras definições incluem o valor mínimo do pé-direito (distância entre piso e forro), que é de 2,5m, e a abertura mínima para ventilação do ambiente, que deve ser de pelo menos 8% da área de piso.
Jáder Diniz conta que, como os projetos arquitetônicos costumam ser feitos com até cinco anos de antecedência em relação ao início das obras, ainda é difícil encontrar edificações prontas que já estejam de acordo com as regras. Portanto, a perspectiva é de que a qualidade de conforto de imóveis deva aumentar nos próximos anos.
CONTRA O CALOR
FATORES QUE AJUDAM
Quartos e sala virados para o leste: Os ventos em Fortaleza vêm principalmente do sudeste e do nordeste. Locais virados para o leste só recebem luz solar diretamente durante a manhã, quando o calor é menor.
Fachadas claras: Cores escuras retêm mais calor
Ventilação cruzada: O vento só entra se há por onde sair. Aberturas em paredes opostas potencializam a ventilação.
Venezianas: Elas permitem regular a quantidade de luz solar que entra.
Varanda: O sol que a varanda recebe não esquenta o restante da casa e a abertura permite a passagem de vento.