Mercosul não está na lista de prioridades da União Europeia
O documento foi preparado pela presidência da Letônia, que ocupa o cargo até meados do ano. Se em parte ele reflete as ambições de um governo, as linhas gerais foram produzidas com base em consultas com os demais governos. Nele, a negociação para a criação de uma área de livre-comércio com EUA, além de projetos com Japão e Vietnã, é prioridade para a os europeus. A lista inclui ainda o aprofundamento da relação com Geórgia, Moldávia, Ucrânia, Canadá e Cingapura.
O Estado apurou que, na Comissão Europeia, o departamento que se ocupa de Mercosul está "esvaziado" e funcionários com ambições de subir na carreira têm evitado ser designados para esses cargos. O motivo: não existe previsão de quando um acordo seria fechado.
Quando o processo foi lançado em 1999, governos admitiam que abrir os mercados para produtos agrícolas do Mercosul não seria uma tarefa fácil. Para os europeus, porém, havia o interesse no mercado brasileiro de bens industriais. Mas, em 2004, o impasse se estabeleceu.
Em 2014, tentou-se relançar o processo e o Mercosul apresentou uma oferta conjunta do quanto está disposto a abrir seu mercado. Mas, por enquanto, não existe uma resposta do bloco europeu. Durante uma visita em fevereiro do ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank Walter Steinmeier, o assunto foi alvo de conversas com a presidente Dilma Rousseff. "A proposta brasileira está em Bruxelas. Nós vamos fazer o possível para que o processo seja acelerado", prometeu Steinmeier.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou o teor da conversa e ressaltou que o Mercosul já apresentou suas ofertas para o acordo, que depende agora de Bruxelas. "A presidente afirmou ao ministro que estamos esperando neste momento uma reação de Bruxelas", disse Vieira.
Barreiras
Em um outro informe, de março de 2015, a Comissão Europeia insiste que o Brasil continua sendo um "parceiro estratégico". Mas lista uma série de problemas que vem enfrentando. No setor agrícola, a UE ataca o que chama de "protecionismo brasileiro". De acordo com Bruxelas, os europeus ainda sofrem para exportar produtos como carnes e lácteos ao Brasil. No setor industrial, a UE denuncia "taxas discriminatórias" contra empresas estrangeiras. Bruxelas abriu uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) por conta dos incentivos fiscais e subsídios dados pelo Brasil a empresas que investem no País. A queixa se refere ao setor de carros, máquinas e eletrônicos, entre outras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.