Empregados da Usiminas reinvidicam lugar no Conselho
"Desde a privatização da Usiminas temos direito a uma vaga no conselho, mas nunca a tivemos na prática, nunca aconteceu. A Usiminas (os controladores) que indica. O nome escolhido nunca passou pelo crivo dos trabalhadores", afirma o presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias siderúrgicas na região (STISMMMEC), Florêncio Resende de Sá, ao Broadcast. Esse direito consta no Estatuto da companhia. O documento prevê a obrigatoriedade de um membro efetivo ser "sempre ser um representante dos empregados da Companhia". Atualmente a Usiminas possui nove conselheiros. Cada controlador tem três indicações, um é representante dos minoritários, um da Previdência Usiminas e um, na teoria, dos empregados.
No ano passado, a CVM analisou esse assunto e chegou à conclusão que, de fato, a vaga destinada aos funcionários está sendo ocupada por um nome indicado pelo controlador.
A Usiminas recorreu da decisão da CVM, mas o colegiado indeferiu o pedido, segundo apurou o Broadcast. A companhia mineira ainda pode pedir a reconsideração da decisão do colegiado, mas até aqui, a imposição é de que esse assunto seja equacionado na próxima Assembleia Geral da siderúrgica, marcada para o fim de abril.
Na ocasião da privatização da Usiminas, no início da década de 1990, as ações da companhia foram ofertadas aos empregados: 10% das ordinárias e 10% das preferenciais, sendo que os empregados se organizaram por meio do Clube de Investimentos Usiminas (CIU). O próprio edital de privatização deu ao Clube o direito a um assento no conselho.
O presidente do sindicato diz também que a própria trajetória do atual presidente da companhia, Romel Erwin de Souza, traz dúvidas sobre a atuação da Previdência Usiminas em prol dos trabalhadores. Romel, que é presidente da companhia desde a destituição de Julián Eguren, evento que trouxe à tona a briga societária entre os dois controladores, Nippon Steel e Ternium, já foi presidente da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU). Depois disso, em 2010, foi conselheiro da companhia, passando, em seguida ao cargo de diretor vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, cargo que acumula hoje com a presidência.
"Questionamos hoje se ele chegou a fazer algo, de fato, aos trabalhadores. Uma pessoa que deveria estar defendendo o interesse dos trabalhadores que depois se torna presidente do grupo gera suspeitas. Será que um dia essa pessoa tentou ou teve interesse de defender o trabalhador?", pergunta. Desde que assumiu a presidência da Usiminas, conta o presidente do Sindicato, Romel não foi em nenhum momento conversar com os trabalhadores de Cubatão. "A Previdência Usiminas está 100% alinhada com os controladores e esqueceram que dos funcionários", diz.
Em 2011, a CEU passou a se denominar Previdência Usiminas, depois da união das diretorias da previdência das duas usinas da companhia, Cubatão e Ipatinga, que passaram o ter o mesmo presidente. A CEU é ainda signatária do acordo de acionistas da Usiminas desde 2004. Hoje ela possui 6,75% das ações ordinárias da Usiminas, lembrando que no fim de 2011, quando a Ternium entrou no capital da companhia, a Previdência Usiminas vendeu parte de sua fatia.
Segundo o presidente do Sindicato, a situação para os aposentados da Usiminas, por exemplo, é hoje insustentável. Para ele, o contexto evidencia a má gestão dos recursos da Previdência Usiminas e por isso o sindicato irá entrar com uma ação junto à Previc, órgão que supervisiona a previdência complementar no Brasil. Antes disso, o sindicato já realizou denúncias junto ao Ministério Público, sobre o risco vivido hoje pelos trabalhadores. "Não sei se o objetivo final é fechar a unidade de Cubatão", diz.
Na última sexta-feira, a Usiminas cancelou a divulgação de seu balanço trimestral porque não houve aprovação do Conselho de Administração, diante de falta de consenso em relação ao documento apresentado.
Procuradas, Usiminas, Previdência Usiminas, Ternium e Nippon não comentaram.