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Falta de água deve reduzir PIB industrial de São Paulo

08:10 | 27/01/2015
A falta de água que atinge as Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas vai afetar o ritmo de produção da indústria, a produtividade e o Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Estado de São Paulo. Já existem empresas planejando férias coletivas e redução de turnos de trabalho para contornar a crise hídrica. A avaliação é do vice-presidente da Federação das indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor de Meio Ambiente, Nelson Pereira dos Reis. Existem nessas duas regiões cerca de 60 mil indústrias que respondem por 60% do PIB industrial paulista. "A preocupação é grande. Não esperávamos uma seca com essa intensidade", diz Reis.

Ele ressalta que o impacto econômico ficou claro a partir de quinta-feira, 22, quando a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento Águas e Energia Elétrica (DAEE) publicaram uma resolução conjunta que determina que as indústrias que captam água diretamente da bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário quando o volume útil dos reservatórios do Sistema Cantareira estiver abaixo de 5%, sob pena de multa. Hoje esse limite foi ultrapassado, isto é, já está sendo usada a reserva estratégica de água ou o chamado "volume morto".

"Isso vai significar uma freada muito grande na economia da região no primeiro trimestre", diz o vice-presidente da Fiesp, explicando que ainda não é possível quantificar o impacto. "Mas as empresas já trabalham mais devagar." Ele observa que a situação é muito preocupante porque hoje, em plena estação das águas, o quadro de abastecimento é crítico. E a perspectiva é piorar com o início do período da seca, que começa em abril.

Sindicatos

Entre os setores instalados na região e que devem ser mais afetados, Reis aponta as indústrias química, alimentícia e têxtil. Até a segunda-feira, 26, os sindicatos dos trabalhadores das indústrias químicas e de alimentos na região de Campinas não tinham recebido comunicados de férias coletivas. A Ambev, que tem fábrica na região de Campinas, informou por meio de nota que está "intensificando ainda mais os investimentos e ações para garantir a economia dos recursos hídricos". Segundo a empresa, a economia tem permitido enfrentar a crise sem corte de pessoal. Entre 2002 e 2013, a Ambev informa que reduziu em 38% o uso da água no processo produtivo.

De acordo com o vice-presidente da Fiesp, nos últimos anos as indústrias já adotaram medidas para aumentar o reúso da água. "Agora trabalhamos com outras alternativas, como o maior aproveitamento de águas subterrâneas. Há ainda potencial a ser aproveitado."

Enquanto as alternativas para ampliar a oferta de água estão sendo implementadas, há empresas que correm para manter o ritmo de produção. A Cummins, de Guarulhos (SP), que fabrica motores, em 2014 comprava dois caminhões de água por dia para a manutenção de torres de resfriamento. Em dezembro, teve de dobrar o volume. Desde então está mantendo o ritmo de compra. Colaborou Cleide Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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