O economista-chefe da Gradual Investimentos, Andre Perfeito, avalia que o cenário é de acomodação do mercado de trabalho no Brasil, apesar da queda da taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ficou em 4,3% em dezembro nas seis principais regiões metropolitanas do País, ante 4,8% em novembro. "O mercado está desacelerando, em linha com o desaquecimento da economia", disse. Para 2015, o economista projeta uma taxa de desemprego em ascensão, podendo ultrapassar a faixa dos 5%.

"A política monetária está restringindo o crédito e isso tem uma consequência", afirmou Perfeito, lembrando que, ao subir a taxa básica de juros, o Banco Central diminui a circulação de dinheiro na economia, o que tende a impactar a demanda por produtos e serviços e, consequentemente, o mercado de trabalho. "A pressão de salários, que foi um dos motivos da inflação recente, deve parar de ocorrer em 2015."

Segundo ele, a redução da taxa de desemprego em dezembro em relação ao mês anterior não se deve à maior criação de vagas, mas sim ao aumento da inatividade. Os dados da pesquisa mostram que o número de ocupados caiu 0,7% com relação a novembro e o de desocupados, 11,8%. Já o total de inativos subiu 2,2%, na mesma taxa de comparação.

A boa notícia, de acordo com o economista, é de que a queda do rendimento médio real dos trabalhadores - recuo de 1,8% em dezembro ante novembro - mostra que o aperto na política monetária praticado pelo governo está surtindo efeito no setor de serviços.