Despesas em alta e receita parada explicam déficit de 2014, diz professor Biasoto
Do lado da receita, Biasoto citou a alta de 9,9% na Previdência e o aumento de apenas 5,1% na arrecadação de impostos no ano passado. "Não dá para julgar a culpa na Previdência. Por outro lado, a alta nos impostos era esperada e mostra o clima de estagnação da economia", explicou. "Entre os impostos o destaque está o recuo de 3% na receita com a Cofins, um claro sinal dessa retração econômica", completou.
Já nas despesas, Biasoto citou o aumento de 21,7%, ou quase R$ 10 bilhões, nos gastos com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o crescimento de 17% do aporte à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O professor citou também o aumento de 18% nas despesas de custeio da máquina pública para R$ 222 bilhões e ainda outras despesas de custeio, bem como os gastos do Tesouro para compensar, na Previdência, as desonerações da folha concedidas, que variaram de R$ 9 bilhões para 18 bilhões entre 2013 e 2014.
Para Biasoto, os aumentos de gastos com educação, de 28% em 2014, apesar de positivos e direcionados para a construção de institutos federais de ensino "têm nível de cristalização muito alto", diante da necessidade de novos gastos nessas escolas no futuro.
Por fim, o professor da Unicamp considerou que "não está fácil aumentar imposto neste momento para ampliar a receita", como quer o governo, pois aumentos de alíquotas podem retrair a receita com quedas na atividade econômica e na demanda. "A saída é frear despesas. Não é preciso ser drástico, mas é necessário mostrar uma trajetória de redução nos gastos que gere credibilidade", concluiu.