Cumprir da meta exigirá grande esforço, diz especialista

11:20 | Dez. 03, 2014

O cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% em 2015 exigirá um esforço político e econômico vultoso. Segundo Mansueto Almeida, especialista em contas públicas e funcionário licenciado do IPEA, o esforço fiscal terá de ser em torno de três pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB).

Almeida afirma que, para cumprir esse esforço, "somente o controle de despesa não será suficiente" por uma série de situações. Ele argumenta que, com certa facilidade, o governo poderia reduzir drasticamente a despesa com investimentos, como foi feito no primeiro ano do primeiro governo Lula. Uma medida solitária nessa linha não será, entretanto, suficiente. Almeida exemplifica que encerrar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) não ajudaria para reduzir as despesas e o endividamento, visto que o governo "não tem pago a conta" e tem simplesmente aumentado a dívida bruta.

Para o consultor econômico Raul Velloso, uma opção do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode ser suspender a liberação dos empréstimos já autorizados para Estados e municípios. "Com isso, ele poderá transferir para os Estados e municípios uma parte do sacrifício dessa meta de superávit primário a ser cumprida", diz Velloso.

Almeida estima que a magnitude do ajuste fiscal exigirá pelo menos três anos de ajustes do novo governo. "Não há como fazer ajuste fiscal rápido no Brasil", diz. Entre as mudanças necessárias, o especialista prevê o aumento de carga tributária, hoje perto de 35%.

Em sua apresentação em evento da Western Asset em São Paulo, Almeida ponderou que o investidor estrangeiro tem sido mais pragmático e, em certa medida, menos ambicioso que o brasileiro. "Tenho conversado com muitos investidores estrangeiros e amanhã vou a Nova York para mais uma rodada. O tipo de ajuste que o estrangeiro demanda é muito menor daquele que esperamos", diz. Almeida explica que o estrangeiro quer ver a implementação de medidas que modifiquem da trajetória da dívida bruta em relação ao PIB. Não esperam um crescimento econômico mais robusto no curto prazo. "A gente quer crescer mais", diz.