Caixas eletrônicos sem envelope podem atingir 5% da rede

15:00 | Jun. 05, 2014

Os caixas eletrônicos (ATMs, na sigla em inglês) recicladores, ou seja, que possibilitam o depósito de dinheiro ou cheque sem envelope têm potencial para alcançar participação de 5% da rede de terminais de autoatendimento no Brasil até o ano que vem, segundo Marco Aurélio Freitas, diretor comercial e de marketing da Perto, fabricante dessas máquinas. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), eram mais de 166 mil no ano passado. A grande diferença para o modelo anterior é, segundo especialistas, o fato de o depósito ser imediato na conta.

"Os bancos no Brasil ainda têm projetos pilotos de ATMs recicladores, mas a tendência é que a rede cresça uma vez que esses terminais equilibram a entrada e saída de recursos. No Japão, quase todos os caixas eletrônicos já têm essa funcionalidade", diz Freitas, da Perto. A Ásia é tida como líder na adoção desta tecnologia, conforme especialistas.

No Brasil, porém, os caixas sem envelopes estão começando a ganhar força. No CIAB Febraban do ano passado, esses terminais já eram uma solução ofertada, uma vez que a tecnologia está disponível há alguns anos, mas entre os bancos somente o Banrisul oferecia o benefício em parceria com a rede Saque e Pague. Nesta edição da feira de tecnologia para bancos, o assunto ganhou força em meio ao avanço das negociações entre fabricantes e instituições bancárias.

Bradesco

O Bradesco, por exemplo, anunciou nesta quarta, 4, que passará a disponibilizar um ATM com reciclador de cédulas para depósito em dinheiro em parceria com a NCR. O novo terminal estará disponível no Bradesco Next, espaço conceito onde o banco apresenta novidades em soluções bancárias, localizado no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. A expansão desse caixa para outras unidades depende, conforme Maurício Machado de Minas, vice-presidente executivo da instituição, de um estudo do banco que está mapeando as unidades, nas quais os novos terminais fazem sentido do ponto de vista de equilíbrio entre saques e depósitos. O banco espera ter até meados de 2015 mil caixas que realizam depósitos em dinheiro sem a necessidade de envelope e que são creditados de imediato na conta do cliente.

Freitas, da Perto, lembra que os terminais de autoatendimento recicladores são tecnologias complementares e podem ou não substituir as existentes. O custo atual de um novo terminal, conforme ele, varia de R$ 35 mil a R$ 55 mil e o tempo de vida vai de cinco a sete anos, podendo chegar a dez anos em alguns casos. A Perto fornece ATMs para diversos players na indústria bancária como Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e HSBC. Segundo Freitas, a empresa acaba de fechar um contrato com o BB para fornecer seis mil ATMs e busca novos clientes de peso, embora, não revele nomes. A Perto tem hoje cerca de 45 mil máquinas comercializadas.

Substituição plena

A troca dos caixas eletrônicos tradicionais para os recicladores deve ocorrer, na opinião de Wilton Ruas, COO da fabricante japonesa OKI, de forma paulatina e conforme a vida útil dos terminais atualmente disponíveis. É possível, segundo ele, que ocorra uma substituição plena do parque, uma vez que os novos terminais ampliam as funcionalidades dos atuais, podendo, inclusive, disponibilizar a função de depósito para máquinas que hoje não têm, como as localizadas em shoppings centers.

Pesquisa da Febraban mostra que dos 166 mil ATMs disponíveis no Brasil em 2013, 66% são terminais "full", isto é, com duas ou mais funções como dispensador de cédulas, terminal para depósito e extrato e dispensador de cheque. As máquinas que contam apenas com dispensador de cédulas somam 24% e somente dispensador de cheques 13, segundo a Federação. Terminais de depósitos/extratos representam 2% da rede total de ATMs no Brasil.

"O ATM reciclador faz a contagem das notas e reconhece cédulas falsas, ampliando a funcionalidade para os clientes e contribuindo para a redução de custos operacionais e de segurança", disse Ruas, da OKI, ao Broadcast. Com o reciclador, o novo caixa passa a ter mais dinheiro efetivo e reduz gastos com transporte de valores.