Navegação de grandes embarcações será suspensa no Tietê

09:20 | Mai. 09, 2014

O transporte de cargas em grandes embarcações vai parar, por tempo indeterminado, a partir de sábado, 10, na hidrovia Tietê-Paraná. O Departamento Hidroviário (DH), que administra a hidrovia em São Paulo, emitiu comunicado informando aos transportadores que vai reduzir o calado, que hoje é de 2,20 metros, para 1,80 metro a partir de amanhã. A partir do dia 16, a redução será ampliada para 1,40 metro.

A redução vai inviabilizar, primeiro, a navegação de grandes comboios que levam 6 mil toneladas e já estavam navegando com 4,2 mil toneladas devido ao baixo nível da hidrovia, e depois as embarcações menores. Dos 21 comboios que atuam em viagens de longa distância na hidrovia, apenas sete, de menor porte, com capacidade de 3 mil toneladas, conseguirão navegar com o calado de 1,80 metro, mas a partir do dia 16 nem estes conseguirão navegar, paralisando por completo o transporte de cargas no trecho.

As medidas, segundo o DH, foram tomadas porque o Operador Nacional do Sistema (ONS) decidiu dar prioridade à geração de energia, principalmente para a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho. "O operador optou pela geração de energia em detrimento da hidrovia, e pelos estudos o calado deve mesmo ser reduzido, pois há falta de água para navegação", disse o diretor do DH, Casemiro Tércio Carvalho.

Segundo Carvalho, o uso de água para geração e a estiagem reduzem o nível da hidrovia, prejudicando a navegação. Alertada da situação, o ONS não atendeu aos pedidos do DH para que o ritmo de geração de energia fosse reduzido. "Ela desrespeita o uso múltiplo das águas", afirma.

A falta de condições para navegação teve início em fevereiro e desde então as embarcações, quando não encalham, são obrigadas a perder dias à espera das ondas de vazão para atravessar a eclusa de Nova Avanhandava. Agora, o ONS restringiu a onda de vazão porque desperdiça água e não gera energia, que pode ser comercializada. Com isso, o transporte de cargas deve ser paralisado por completo no trecho, porque, além da falta de condições técnicas para navegação, a redução de volume de cargas inviabiliza financeiramente o transporte pela hidrovia.

Grãos

A situação, que é comparada à do apagão de 2001, prejudica principalmente o escoamento da safra recorde de soja e deverá influenciar na safra de milho, no segundo semestre. A hidrovia é o principal caminho para a exportação de grãos e celulose produzidos em Mato Grosso e Goiás, que são levados por grandes comboios até Pederneiras e de lá em ferrovia para o Porto de Santos.

A falta de condições para transporte reduziu em 86% o volume de cargas transportadas em 2014. Entre fevereiro e abril de 2013, foram transportadas 4,5 milhões de toneladas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.