S&P: alta global de juros afeta leilão de aeroportos
Segundo o gerente de análise para o setor de infraestrutura da S&P na América Latina, Pablo Lutereau, com a mudança nas taxas é normal haver um "ajuste nas percepções de risco". "No primeiro leilão (de aeroportos, quando foram concedidos os terminais de Guarulhos, Brasília e Campinas), as taxas de juros estavam extremamente baixas. Agora, estão subindo", diz Lutereau. "Isso vai afetar a equação, mas não esperamos que os leilões sejam desertos".
As concessões dos aeroportos têm perfil mais global, enquanto as rodovias têm perfil de investimento mais local. Por isso, os primeiros são mais afetados pelo cenário externo. "Os investidores vão pagar uma taxa de concessão menor ao governo", completou o diretor para o setor de infraestrutura da S&P na América Latina, Arthur Simonson.
Em relatório divulgado na segunda-feira, 05, a S&P destacou que um dos problemas para a análise de risco da economia brasileira é o baixo nível de investimentos, sobretudo em infraestrutura. Segundo Simonson, a S&P mapeou um montante de investimentos em infraestrutura no Brasil em US$ 100 bilhões ao ano, mas o sucesso da atração do setor privado para os investimentos na área depende da taxa de retorno oferecida diante dos riscos.
Nesse caso, a piora na percepção aumenta o risco e tende a elevar o retorno exigido. O diretor de análise de risco soberano para a América Latina da S&P, Roberto Sifon, resume assim a percepção dos investidores privados em relação ao Programa de Investimentos em Logística (PIL), lançado há um ano pelo governo, mas que ainda não se traduziu em leilões de concessão bem-sucedidos: "A questão são as mensagens que estão vindo do governo. Veja o que foi feito no setor de eletricidade. É quase uma insanidade alguém vir (para o Brasil) e investir mais em eletricidade."