Contas externas mostram sinal vermelho, diz Tendências
Para Salto, um dos indicadores que mostram um "esgotamento" do modelo de desenvolvimento da economia baseado em avanço do consumo com baixa expansão da Formação Bruta de Capital Fixo é que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) não está financiando mais todo o déficit de transações correntes. Em março, o IED equivalia a 53,3% do resultado negativo daquelas contas externas e em abril atingiu 57,2%, mas está distante dos 100%.
"E a dinâmica de elevação do déficit de transações correntes, ao mesmo tempo em que ocorre um desempenho menor em termos relativos do IED, mostra que os investimentos externos no País começam a ser influenciados negativamente pelo atual modelo de desenvolvimento econômico", ponderou Salto.
O economista da Tendências ressalta que a elevação do déficit de transações correntes no Brasil é diferente do que ocorreu na maior parte da segunda metade da década de 1990, quando o câmbio semifixo colaborou de forma significativa para que o País ingressasse numa aguda crise de balanço de pagamentos. Contudo, o período atual impõe a necessidade de o governo reavaliar as diretrizes de política econômica, pois o investimento interno precisa aumentar, dado que estariam exauridos os efeitos positivos da política de crescimento da economia baseada especialmente no avanço do consumo, adotada desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Como mudanças estruturais demoram para trazer resultados, Salto acredita que o déficit de transações correntes deve subir de 2,4% do PIB em 2012 para 2,9% neste ano, atingindo US$ 68,7 bilhões. Para 2014, ele acredita que o resultado negativo destas contas externas também ficarão em 2,9% do PIB, num valor nominal de US$ 72,6 bilhões.