Sócios tentam negociar dívida do Grupo Rede
A conversão de dívida em participação acionária consta no plano de recuperação judicial do Grupo Rede. Essa é uma das opções ofertadas pelo consórcio para saldar os passivos com os credores com garantia real, que são justamente o BNDES e o Caixa, credora nesse processo por meio do FI-FGTS.
De acordo com o laudo econômico-financeiro do Grupo Rede, a dívida com garantia real totaliza R$ 839 milhões, dos quais R$ 712,51 milhões relativos ao passivo com a Caixa e R$ 126,34 milhões com o BNDES. Representando quase 25% dos créditos devidos pelo Grupo Rede, o que conferiria um poder para barrar o plano de recuperação judicial, a Caixa e o BNDES terão que decidir se é mais vantajoso ter ações de uma empresa que só voltará a dar lucro em 2016 ou aceitar uma das duas propostas da CPFL e da Equatorial para o pagamento das dívidas.
Os dois bancos podem optar por receber o valor integral, sendo que 85% do montante será pago apenas em 2051, ou ver o passivo liquidado em 2039, mas com a aplicação de um desconto de 30% sobre o valor total. Para a Caixa, aceitar a conversão da dívida em ações do Grupo Rede significaria retornar ao quadro societário da companhia.
Em 2010, o FI-FGTS investiu R$ 600 milhões na compra de 35,70% da Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema (EEVP), uma das holdings controladoras do Grupo Rede. A aquisição garantiu ao fundo de investimento uma participação indireta de 24,36% no grupo. Os recursos da operação foram utilizados em investimentos nas áreas de concessão da Celpa (PA) e Enersul (MS).
Aquisição
No fim de 2012, a CPFL Energia e a Equatorial firmaram um acordo com o controlador do Grupo Rede, o empresário Jorge Queiroz, para a aquisição da companhia pelo valor simbólico de R$ 1. A conclusão do negócio está condicionada à aceitação dos credores do Rede ao plano de recuperação judicial. Além disso, outra condicionante é o fim da intervenção das oito distribuidoras do grupo pela Aneel.
No plano de recuperação judicial, a CPFL e a Equatorial se comprometeram capitalizar o Grupo Rede em R$ 1,8 bilhão. De acordo com a fonte ouvida pelo Broadcast, os recursos são considerados suficientes para fazer frente ao pagamento das dívidas com os credores e também liquidar as operações de mútuos realizadas entre as empresas do próprio grupo, que somam R$ 1,3 bilhão. O laudo econômico-financeiro aponta que as concessionárias demandarão investimentos da ordem de R$ 3 bilhões nos próximos cinco anos para recuperar a saúde econômico-financeira e os indicadores de qualidade operacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.