Rosenberg: BC será incoerente se não aumentar taxa
De acordo com o anunciado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao encerrar março com uma inflação de 0,47% na comparação com fevereiro, o IPCA acumulou alta de 6,59% no período de 12 meses encerrados no mês passado. Apesar de ter vindo dentro do esperado pelo mercado, e até um pouco abaixo, o resultado do IPCA rompeu o teto, ao chegar a 6,59%. "As pessoas temiam que rompesse para algo próximo a 6,7%. Então, o resultado tranquilizou um pouco os mercados, mas eu ainda acho preocupante, pois estamos falando de inflação acima do teto da meta", afirmou.
Já o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, disse esperar que a emblemática taxa de inflação acima do limite, motivadora da crença de que, a partir deste pico, o BC poderia dar início a uma trajetória de alta dos juros básicos, se restringirá à leitura de março do IPCA. Segundo Romão, para abril, a LCA Consultores projeta uma inflação de 0,42%, o que contribuirá para desacelerar a taxa anualizada de atuais 6,59% para 6,36%. Isso, no entanto, não será suficiente para impedir que o Copom eleve a Selic neste ano. Atualmente, o juro de referência da economia brasileira encontra-se em 7,25% ao ano.
Entre as variáveis que, conforme previsão da LCA, levarão o IPCA em abril a fechar em 0,42%, ou 0,05 ponto porcentual abaixo da taxa de 0,47% de março, está uma possível redução de 0,25% no preço da gasolina na ponta do consumidor, disse o economista. Ele trabalha com o preço do etanol em abril a um nível inferior ao de março. Na avaliação de Romão, o preço do combustível, com o início da safra, fechará maio, junho e julho com deflação. Mas, em abril, vai desacelerar e causar impacto na cotação da gasolina por causa da mistura desses combustíveis. "O etanol começa a apresentar uma moderação já em abril e afetará o preço da gasolina", previu. Além disso, a partir de maio, a mistura do derivado da cana-de-açúcar com o do petróleo sobe de 20% para 25%.
Na análise do economista Alberto Ramos, diretor de Pesquisas para a América Latina do Grupo Goldman Sachs, a alta de 0,47% do IPCA mostrou uma desaceleração ante o aumento de 0,60% em fevereiro, mas a inflação ainda está muito elevada, com grande nível de disseminação, o que torna inevitável para o BC aumentar os juros no curto prazo.
"A inflação está ainda muito pressionada, inclusive os preços livres avançaram em março 8,2% no acumulado em 12 meses, o maior patamar para esta categoria em dez anos", disse. Ramos declarou acreditar que há 60% de possibilidade de o Copom erguer o juro na próxima semana e que os outros 40% apontam para uma alta em 29 de maio. Ele supõe que o BC adotará um ciclo de alta da Selic com um incremento inicial de 0,25 ponto porcentual, seguido de duas ascenções de 0,50 ponto cada uma.