Economista aponta politização de temas econômicos
Padovani também citou outros nós que o País precisa desatar, como os investimentos. Para ele, a carga tributária brasileira é pesada e o sistema é complexo. "E a política de desoneração do governo o torna ainda mais complexo."
O economista destacou também que a economia do Brasil ainda é fechada e, portanto, beneficia-se pouco de avanços tecnológicos. Além disso, há um problema de qualificação de mão de obra, que torna o País menos competitivo. Ele também chamou a atenção para os problemas de infraestrutura.
Política monetária
De acordo com Padovani, o Banco Central, como a maior parte dos bancos centrais da América Latina, acompanha o ciclo econômico. Por isso, segundo ele, certamente o BC vai subir a taxa básica de juros (Selic), porém vai esperar os dados de atividade. O economista acredita que o Comitê de Política Monetária subirá os juros para 8,25% até o fim do ano. Atualmente, a Selic está em 7,25% anuais.
"O BC vai fazer como sempre tem feito, que é seguir o ciclo econômico. Toda essa discussão em torno dessa questão é ruído", afirmou, ressaltando, no entanto, que "claramente o BC está muito mais preocupado com a desaceleração da economia do que em preservar a inflação".
Sobre o baixo crescimento da economia, ele disse que, depois da crise financeira internacional de 2008, o Brasil cresceu mais do que poderia e acima da expansão global, pois, segundo ele, vivia-se uma espécie de euforia com o Brasil.
"O País recebeu em 2008 o título de grau de investimento pela S&P (agência de classificação de risco Standard & Poor's), a revista The Economist colocou na capa o Brasil decolando, isso gerou uma euforia. O fato de estarmos crescendo pouco está ligado também ao fato de termos crescido excessivamente antes", afirmou.
Inflação
Segundo ele, a euforia levou a "excessos" nos mercados de trabalho e crédito, elevando o risco inflacionário. Para diminuir a inflação, o governo teria de esfriar o mercado de trabalho, no entanto há um risco social e político embutido nessa medida.
A outra dificuldade é que o mercado de trabalho brasileiro está muito aquecido. "Acredito que haja uma reserva de trabalhadores. Os empresários não demitem porque isso custa caro e porque têm a expectativa de que a economia vai crescer."