PUBLICIDADE
Notícias

Bom desempenho de montadoras reanima expectativas

19:21 | 04/04/2013
O bom desempenho apresentado pela indústria automotiva em março reanimou as expectativas dos economistas e analistas de mercado em relação à evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2013. Até esta terça-feira (02), influenciados pelos dados negativos da produção industrial (que caiu 2,5% de janeiro para fevereiro), analistas consultados pela reportagem davam como certa a revisão até pela metade das projeções de PIB.

Passados apenas dois dias, o ânimo voltou com os bons dados de produção de veículos automotores. De acordo com a Associação Nacional os Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mercado brasileiro somou 319.121 unidades em março de 2013, uma alta de 39,2% na comparação com fevereiro e um avanço de 3,4% ante o igual período de 2012.

No Banco ABC Brasil, o economista-chefe Luís Otávio de Souza Leal reconsiderou a disposição de revisar para baixo a expectativa original de 1% de crescimento da economia no acumulado dos três primeiros meses do ano. Mais do que isso, o economista introduziu um viés de alta na previsão de PIB. "Reafirmo o meu 1% (de alta). A Anfavea veio melhor e agora já deve ter mais gente relativizando a piora da economia", justificou-se.

Leal cita três fatores que poderiam influenciar o comportamento da primeira prévia do PIB deste ano - um para baixo e dois para cima. O ponto de baixa, de acordo com ele, está relacionado à questão da mudança da incorporação das importações da Petrobras no fim de 2012 na balança comercial de 2013. "Isso vai puxar para baixo as exportações líquidas no PIB", alerta.

Pelo lado positivo do crescimento, o chefe do Departamento Econômico do ABC Brasil, destaca a atividade na agricultura, que é um setor cujo desempenho é sempre de difícil mensuração. Em 2012, lembra Leal, o PIB agrícola surpreendeu nos primeiro e quarto trimestres e tirou 0,4 ponto porcentual do PIB agregado. "Este ano, a safra vai ser recorde e deve devolver a perda de 2012", espera.

O outro ponto positivo, conforme Leal, reside na diferença do cálculo da Produção Industrial Mensal (PIM), que considera as unidades enquanto o PIB Industrial considera ao valor adicionado. Assim, na PIM um caminhão tem o mesmo peso de um carro. Já no PIB Industrial, um caminhão pesa mais que um automóvel e agrega a atividade da cadeia toda. "A PIM de janeiro, por exemplo, em grande parte cresceu por causas dos caminhões. Em fevereiro, a produção de caminhões ficou estável e a devolução se deu por conta dos carros. Considerando que o PIB Industrial não está zerado, usar a PIM para calculá-lo é subestimar o resultado", observa.

Na Rosenberg & Associados, a economista-chefe Thaís Zara também mudou de ideia diante dos números vindos da produção de veículos em março. Nesta terça-feira, decepcionada com o mau desempenho da produção industrial de fevereiro, Thaís dizia que, provavelmente, reduziria a previsão de PIB. Conforme ela, naquele dia o PIB no terceiro trimestre estava mais para 0,5% do que para o 1% previsto por ela anteriormente.

"Por enquanto, a minha intenção de revisar o PIB para baixo perdeu força. Mas não há otimismo. Está melhor, há investimentos, mas basicamente em cima de caminhões", diz a economista da Rosenberg. Thaís só revisará a projeção depois de tomar conhecimento do desempenho da emissão de papelão ondulado e do fluxo de veículos pelas estradas com pedágio da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).

"Os dados de Anfavea vieram melhores, recuperando boa parte das perdas de fevereiro, a despeito das vendas terem sido piores, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Ainda estamos aguardando outros indicadores antecedentes de março, como papelão e trânsito nas estradas, mas parece que março pode ter sido um bom mês para a indústria", diz Thaís, para quem o quadro é ainda compatível com a estimativa dela, de alta de 2,5% para o PIB de 2013.

Economista da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro mantém a projeção de 1,1% de crescimento do PIB no primeiro trimestre. Alessandra não pensou em mexer na previsão influenciada pelos dados da produção industrial porque, segundo afirma, uma vez esperava que a atividade fabril fosse cair em fevereiro e que em março poderá haver registro de uma expansão de 1,6%. "No trimestre, o PIB deverá ganhar uma boa performance da agricultura", prevê.

TAGS