Tarot: tudo o que você precisa saber sobre a tiragem de cartas
O tarot conquista novas gerações com leituras que misturam autoconhecimento, espiritualidade e tradição. Saiba tudo sobre a prática
05:30 | Out. 09, 2025
Seja por curiosidade, espiritualidade ou apenas diversão, a leitura de cartas atravessa séculos e continua fascinando a cada geração. O tarot, ou “tarô”, é um baralho composto por dezenas de cartas simbólicas que representam mensagens do oráculo, carregadas de arquétipos, significados e mistérios.
O tarólogo Will Oliveira, conhecido nas redes sociais como “Bil Lanches” — perfil no X (antigo Twitter) com mais de 160 mil seguidores — afirma que o tarô viveu um verdadeiro “boom” durante a pandemia de covid-19 e se tornou mais popular desde então.
Oliveira começou a se interessar pela prática há oito anos, ainda no ensino médio, inspirado por um colega que possuía um baralho. “Comprei o meu, aprendi sozinho e comecei a fazer tiragens para os colegas da escola, cobrando dois reais”, relembra. Hoje, aos 23 anos, ele atende cerca de 200 pessoas por semana.
A seguir, O POVO reuniu, com base nas explicações do tarólogo, tudo o que você precisa saber sobre o tarot:
História do tarô
A cartomancia, arte de adivinhação por meio de cartas, é uma prática antiga. Segundo estudiosos, o baralho do tarot surgiu no século XV, na Itália, como uma variação dos baralhos comuns usados em jogos da nobreza.
De acordo com Will Oliveira, os primeiros baralhos de tarô eram utilizados somente como jogos lúdicos. O mais conhecido e influente é o Tarot de Marselha, de origem francesa, que padronizou os 78 arcanos (cartas) divididos entre maiores e menores.
“No início, esses baralhos eram chamados de ‘jogos do destino’”, explica Oliveira. A partir do século XVIII, entretanto, as cartas passaram a ser associadas à adivinhação, ao autoconhecimento e à espiritualidade, tornando-se instrumentos de reflexão e conexão com o inconsciente.
No Brasil, o tarô chegou por volta do início do século XX. O primeiro baralho impresso no País foi o Tarô Adivinhatório, publicado pela Editora Pensamento em 1920. A popularização veio apenas nos anos 1970, com a revista Planeta, que abordava temas esotéricos e deu novo impulso à prática.
A cartomancia, inclusive, já aparecia na literatura brasileira. Em “A Cartomante”, crônica de Machado de Assis, há uma das primeiras menções ao costume no Rio de Janeiro do século XIX:
“A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas...”.
Entenda o tarô: o que são arcanos
O tarô é composto por 78 cartas, chamadas de arcanos — palavra que vem do latim arcanus e significa “mistério' ou “algo oculto”.
Essas cartas se dividem em dois grupos:
- Arcanos Maiores (22 cartas): representam aspectos espirituais, lições de vida e arquétipos universais.
- Arcanos Menores (56 cartas): tratam de situações cotidianas e são divididos em quatro naipes: Paus, Copas, Espadas e Ouros.
“Os arcanos menores são considerados auxiliares, pois complementam a leitura dos maiores e trazem detalhes sobre eventos específicos”, expõe Oliveira.
Significado das cartas de tarô
O significado de cada carta pode variar conforme o contexto da tiragem. “As cores, os números, se há figuras masculinas ou femininas… Todos esses elementos formam uma simbologia própria”, enumera.
Ele exemplifica com as cartas O Imperador e O Pendurado (ou Enforcado). Ambas mostram figuras com as pernas cruzadas em forma de número quatro, mas no Pendurado o quatro está invertido.
“Na numerologia, o quatro representa estabilidade e concretização, o que se alinha ao Imperador. Já o Pendurado fala de espera e suspensão”, explica.
Apesar de haver significados convencionais, Oliveira reforça que cada leitura é única: “A intuição do tarólogo é o que dá interpretação às cartas.”
Diferença entre o baralho de tarô e o baralho cigano
O baralho cigano, também conhecido como Petit Lenormand, tem origem francesa e homenageia Marie-Anne-Adélaïde Lenormand, considerada a maior cartomante de todos os tempos, segundo Oliveira.
O tarólogo explica que o baralho cigano possui 36 cartas, enquanto o tarot tem 78. “O cigano é mais direto e assertivo, com leituras rápidas. Por isso, algumas pessoas têm receio de consultar, porque ele é ‘direto e reto’”, comenta.
Regras e curiosidades sobre o tarô
Quem pode tirar tarô?
“Qualquer pessoa pode aprender”, diz Will Oliveira. Ele cita a frase do cartomante Nei Nair: “O tarô é para todos”.
É verdade que não se deve emprestar o baralho?
Isso é uma escolha pessoal. “Alguns preferem não emprestar por acreditarem na troca de energias, mas não há problema algum em fazê-lo”, afirma.
Precisa montar uma mesa especial para tirar tarô?
Não é obrigatório. Colocar um pano sob as cartas é uma tradição antiga que alguns cartomantes gostam de manter. Oliveira, por exemplo, faz mais para preservar o baralho do que por regra espiritual.
O primeiro baralho de tarô precisa ser um presente?
Também é apenas uma tradição. “Você pode comprar o seu próprio baralho”, diz o tarólogo.
Dá para fazer tiragem online?
Sim. Will Oliveira realiza a maioria de seus atendimentos pela internet. “O importante é verificar se o profissional tem estudo e conhecimento sobre o tarô, e não apenas atribui significados aleatórios às cartas”, aponta.