Após 15 anos, irmãos se encontram no Carnaval de Salvador

Os dois irmãos tinham se visto pela última vez em 2009, no enterro do pai. O reencontro foi marcado por muita emoção e um longo abraço; confira a história

22:31 | Fev. 16, 2024

Por: Isabel Prado
Irmãos se reencontram após 15 anos no meio do Carnaval de Salvador (foto: Bruno Concha/Secom)

Um momento emocionante aconteceu no meio do Carnaval de Salvador: dois irmãos se encontraram após 15 anos de procura. A última vez que eles tinham se visto foi no enterro do pai deles, em 2009.

O reencontro de Vitor da Silva, que é um vendedor ambulante, e do Joaquim Donato dos Santos Júnior, educador social, foi marcado por um longo abraço e muito choro dos dois.

Irmãos se reencontram: como aconteceu?

Joaquim e Vitor se reencontram no segundo dia do Carnaval. Vitor estava trabalhando como vendedor ambulante e catador durante a festa. Já Joaquim, que é educador social, estava no primeiro dia de plantão do Catafolia, base de apoio para catadores montada pela Prefeitura de Salvador.

Vítor resolveu ir para a base tomar um café, quando escutou uma voz conhecida e o abordou. Os dois perguntaram ao mesmo tempo se eram eles mesmos. Após isso, os irmãos se abraçaram e choraram juntos.

“Eu nunca imaginei que fosse encontrar com ele aqui dentro, uma pessoa que trabalha com gente que vive nas ruas. Ele tem esse olhar cuidadoso e isso é muito importante, pois quem vive na rua também é ser humano”, disse Vitor ao Correio 24h.

“O momento foi muito emocionante, eu só fiz chorar bastante. O choro foi de felicidade, de alegria. Eu cheguei em casa sem acreditar, estatelado. Falei com a minha mãe, ela também não acreditou, aí mostrei a foto dele e da filha dele, foi aí que ela já pediu para marcar um dia para eles irem na nossa casa”, falou Joaquim também para o site.

Irmãos se reencontram: vida com altos e baixos

A história dos dois irmãos não foi fácil. Com um pai alcoólatra, Joaquim perdeu a mãe logo após o parto e foi criado por uma tia.

“O meu pai também era alcoólatra, bebia muito. Depois entrou para a igreja e parou, mas Deus levou ele. Eu não tive uma infância muito boa. Dormi nas ruas por cinco meses. Mas eu sempre pensei que um dia daria a volta por cima e a minha volta por cima começou há nove anos, quando conheci a minha esposa e hoje mãe da minha filha”, afirmou.

Joaquim e Vitor tinham dois irmãos, mas uma morreu atropelada e o outro afogado. Vitor chegou a morar um período com Joaquim e o pai, mas por causa de uma briga de família, saiu de casa. Após o enterro do pai, os irmãos não se viram mais, e como Vitor não tem redes sociais e nem tinha aparelho celular à época, foi muito difícil o reencontro.

Irmãos se reencontram: a busca

A vontade de encontrar o irmão foi o que motivou Joaquim a seguir a profissão de educador social. Ele entrou no Consultório nas Ruas, um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde, e chegou a procurar Vitor nos bairros de Itinga, Sete de Abril e Castelo Branco, mas não o localizou.

Joaquim está no Serviço Especializado em Abordagem Social da Sempre desde 19 de janeiro, há menos de um mês. “No momento em que eu me candidatei para a vaga, o meu objetivo era trabalhar com a população em situação de rua, na esperança de encontrar o meu irmão. Foi assim, que no meu primeiro plantão do Catafolia, eu o encontrei e quase não acreditei”.

Agora os dois irmãos estão com vários planos. “O que eu mais queria era esse encontro e agora Vitor pode ter certeza que eu vou ajudá-lo no que precisar. E a minha sobrinha, que eu nem sabia que tinha, já é o meu xodó”, disse Joaquim, que mora apenas com a mãe e não tem filhos.

(Com informações do Correio)