Cearenses que moram no RJ relatam clima de medo durante operação: "Não conseguimos sair de casa"
Um cearense considerado chefe do CV em bairro de Fortaleza teria sido morto durante a operação policial
19:09 | Out. 28, 2025
Cearenses que moram no Rio de Janeiro relatam um clima de medo nesta terça-feira, 28, durante a Operação Contenção, deflagrada contra a expansão da facção criminosa Comando Vermelho (CV), que deixou 64 mortos. Desde as 5 horas, moradores escutam tiros e não conseguem sair de casa. Comércios estão fechados e linhas de ônibus foram recolhidas.
Uma cearense que mora na Zona Norte, ouvida pela reportagem, afirmou que o barulho de tiros começou cedo e se estendeu ao longo do dia. "Comecei a ouvir os disparos da operação por volta das 5 horas da manhã. Foram 30 minutos de troca de tiros sem parar. Ao longo do dia, fomos ouvindo mais disparos e muitos helicópteros", descreve.
Ela e outros cearenses na região vivem momentos de aflição. A mulher, que nos últimos dois anos morou em diferentes bairros do Rio de Janeiro, diz que "nunca houve nada comparado ao cenário desta terça-feira".
"Até agora (16 horas) sigo ouvindo os tiros. O comércio está fechado e estamos sem conseguir sair de casa. Muitos ônibus foram recolhidos. A população está voltando andando para casa", relata. Segundo ela, empresas liberaram os funcionários mais cedo.
"Está uma tensão muito grande. Estão surgindo várias notícias e, em momentos como esse, a gente não consegue saber o que está realmente acontecendo. Estão falando direto que foi 'liberado o assalto' (se referindo a uma suposta ordem da facção)", comenta.
Cearense chefe do CV teria sido morto no RJ
O POVO apurou que um cearense, que faria parte da cúpula do Comando Vermelho em um bairro de Fortaleza, teria sido morto durante a operação desta terça-feira.
A presença de integrantes cearenses do CV no Rio de Janeiro é alvo de investigações anteriores. Em junho de 2025, a Polícia Civil do Ceará realizou uma operação no estado fluminense. O Ministério Público do Ceará (MPCE) também atuou em uma ação para demolir edificações irregulares na Rocinha, que, segundo as investigações, serviam de esconderijo para membros da facção.
A identificação do homem não foi informada oficialmente.
Drones, Explosões e Cenário de Guerra
A Operação Contenção se concentra nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte. De acordo com a Agência Brasil, 2.500 policiais civis e militares foram mobilizados.
Vídeos gravados nas comunidades mostram pessoas com roupas camufladas e armadas com fuzis fugindo. Imagens de drones arremessando bombas também circularam, ilustrando o cenário de guerra.
Até o fim da tarde, mais de 70 fuzis haviam sido apreendidos e mais de 100 pessoas foram detidas.