Entre 210 inscritos, Projeto Museus Orgânicos fica em segundo lugar no Prêmio Ibermuseus de Educação

Para Alemberg Quindins, criador da Fundação Casa Grande, o prêmio representou a união de todas as instituições do Ceará em prol da cultura popular

12:21 | Set. 29, 2020

Museus Orgânicos têm como premissa os saberes e legados históricos dos mestres da Cultura Tradicional (foto: JR Panela)

 

O Projeto Museus Orgânicos ficou em segundo lugar no 11º Prêmio Ibermuseus de Educação. A iniciativa idealizada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) e pela Fundação Casa Grande se propõe a dar visibilidade à cultura popular e incentivar o turismo cultural na região do Cariri. Na edição do Ibermuseus 2020, foram 210 inscritos e 16 países participantes. O objetivo da premiação internacional é fortalecer a função social dos museus por meio do fomento à realização de programas e projetos educativos. Ao todo, 20 iniciativas foram reconhecidas.

O anúncio foi feito no dia 17 de setembro, via transmissão online pelo Facebook, diretamente do Chile. Para Alemberg Quindins, criador da Fundação Casa Grande, o prêmio representou a união de todas as instituições do Ceará em prol da cultura popular. “Trata-se de um prêmio internacional que reconhece esse projeto de inclusão e partilha de saberes e oportunidades sociais”, comenta em nota.

Esse esforço, segundo Quindins, se refere ao trabalho da Fundação, junto ao Sistema Fecomércio, à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, a Universidade Regional do Cariri, e às instituições científicas internacionais. A participação dos mestres da Cultura também teve contribuição significativa para a conquista, acrescenta Quindin, que é também criador do Memorial do Homem Kariri, primeira experiência dentro da perspectiva dos Museus Orgânicos.

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A tradição dos Museus Orgânicos parte do saber e legado histórico dos mestres de Cultura Tradicional (Foto: JR Panela)

A tradição dos Museus Orgânicos, conforme as entidades, parte da criação de vínculos entre o legado histórico do saber dos mestres de Cultura Tradicional do Cariri e suas moradas, onde residem memórias e afetos, por meio de objetos como as fotografias, vestimentas, instrumentos e tudo que marca o cotidiano desses mestres, na região.

“Diferentemente do conceito de museu que a gente tem, o qual reverencia o passado, os Museus Orgânicos estão no nosso presente. Eles estão ali para reverenciar o trabalho daqueles mestres, tanto do que eles sabem fazer quanto também [da sua] sabedoria”, afirma Maurício Filizola, presidente do Sistema Fecomércio, em nota.

A origem dos museus orgânicos

 

O Memorial do Homem Kariri foi fundado em 1992. Ao longo desses anos, tem realizado um trabalho de resgate da preservação da história dos habitantes do vale do Cariri. O acervo doado pelos moradores da região é constituído de peças líticas e cerâmicas, bem como registros rupestres, fotografias; e registros de lendas e mitos da região. Lá também é realizado trabalho de educação patrimonial com o público infantil.

Mais recentemente, em 2014, veio o Museu do Ciclo do Couro, conhecido como Memorial Espedito Seleiro. O mestre Espedito ganhou reconhecimento nacional ao longo de cinco gerações, tendo influência em filmes, novelas e passarelas de moda do País. Hoje, é inspiração para a população do Cariri, na sua oficina e no Museu do Couro localizado na região.

A tradição dos Museus Orgânicos parte do saber e legado histórico dos mestres de Cultura Tradicional (Foto: JR Panela)

Da parceria do Sesc com a Fundação Casa Grande, já foram inaugurados mais sete Museus Orgânicos: Museu Casa do Mestre Antônio Luiz, Museu Oficina do Mestre Françuili, Casa Museu do Mestre Nena, Museu Casa do Mestre Raimundo Aniceto, Museu Casa Oficina Mestra Dinha, Museu Casa da Mestre Zulene Galdino e Museu Casa dos Pássaros do Sertão. A ideia é que, ao final do projeto, a região conte com 16 museus no total.