Colombianos são presos por comandar esquema de agiotagem no interior do Ceará

Foram presos 11 suspeitos, dois deles em flagrante. Grupo tinha aplicativo para controlar os clientes

14:35 | Jul. 12, 2019

OPERAÇÃO apreendeu celulares, cadernos e dinheiro em espécie com os suspeitos (foto: Divulgação/MPCE)

Três colombianos foram presos em operação do Ministério Público do Ceará (MPCE) que investiga crimes de agiotagem no interior do Estado. A operação Préstimos teve como alvos os colombianos Natalia Orosco, Davi Orosco e Cristian Davi, suspeitos de comandar os crimes. Ao todo, foram emitidos nove mandados de prisão temporária e dez de busca e apreensão, sendo 11 suspeitos presos - dois em flagrante.

Além dos três colombianos, o grupo tinha integrantes brasileiros. Eles fazem parte de célula que atuava nos municípios de Pentecoste, General Sampaio e Apuiarés. No entanto, a organização criminosa atuava em todo o Estado realizando empréstimo de dinheiro com juros extorsivos (agiotagem). Na Colômbia, a prática é conhecida como cobro ou cobrito.

Os mandatos foram expedidos após pedido cautelar do promotor de Justiça Jairo Pereira Pequeno Neto, titular das comarcas de São Gonçalo do Amarante, Pentecoste, Umirim e Paraipaba. O juiz Caio Lima Barroso emitiu os mandatos, cumpridos por meio da Promotoria de Pentecoste com o apoio das polícias Civil e Militar da região. Na operação, foram apreendidos celulares, computadores, cartões, cadernos de cobrança, dinheiro e veículos.

Agiotagem

A investigação aponta que o grupo possuía aplicativo de celular para acompanhar os valores emprestados e realizados cálculos dos juros. A prática era realizada por meio da distribuição de cartões de visitas que eram entregues por integrantes da organização a empresários e comerciantes da região. O bando funcionava com tarefas bem divididas, com cobradores, ficais e gerentes.

Conforme o promotor Jairo Pereira, os juros sobre os valores emprestados eram cobrados diariamente, de forma "ostensiva e ameaçadora". Só no últimos meses, a associação criminosa chegou a movimentar cerca de R$ 2 milhões.

As investigações apontam também que os recursos captados a partir de empréstimos extorsivos foram para um fundo cuidadosamente organizado e administrado pela organização criminosa por meio dos aplicativos eletrônicos. Depois, o dinheiro era reinvestido na expansão das atividades ilícitas mediante a estruturação de novos empréstimos em outras cidades.