Cacique de Ramos traz índios de várias etnias para desfile na Avenida Chile

O Cacique vem este ano com cerca de 6 mil componentes, todos fantasiados de índios das mais variadas etnias, em diversas alas.

19:28 | Fev. 28, 2017

A Avenida Chile, no centro da cidade, é o novo palco de um dos maiores blocos de embalo do Rio de Janeiro, o Cacique de Ramos, que encerra sua participação no carnaval deste na noite desta terça-feira, 28, após apresentações também nos dias 26 e 27. O Cacique vem este ano com cerca de 6 mil componentes, todos fantasiados de índios das mais variadas etnias, em diversas alas. “Nosso tema é o indígena. A gente é um bloco autêntico, original. Nosso tema é o índio. Só prevalece isso”, afirmou o presidente da agremiação, Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira.

Os blocos tradicionais de embalo e enredo do Rio de Janeiro – como o Cacique de Ramos, Boêmios de Irajá e o Bafo da Onça – deixaram a Avenida Graça Aranha, onde desfilaram nos dois últimos carnavais, devido a obras na Avenida Rio Branco para implantação do VLT, que deixaram o local inviável para os desfiles, e foram transferidos este ano para a Avenida Chile. “No período de obras, os blocos foram acomodados na Avenida Graça Aranha, mas achamos que a Avenida Chile seria mais adequada para receber este evento sem causar tanto impacto no trânsito”, disse o presidente da Empresa de Turismo do Rio de Janeiro (Riotur), Marcelo Alves.

Reivindicação

Bira lamentou que não exista reconhecimento, por parte das autoridades, da importância cultural que o Cacique de Ramos tem para a cidade do Rio de Janeiro. O bloco e seu presidente já foram tema de enredos de várias escolas de samba dos mais diversos portes, entre as quais Mangueira, Salgueiro e Estácio de Sá, do Grupo Especial; Acadêmicos do Cubango, do Grupo A; Unidos da Laureano, bloco de enredo do Grupo 2; e Arrastão de Cascadura, do grupo C de acesso. “É muita história”, comentou ele.

“Nós, que já saímos com 10 mil componentes fantasiados, não temos um lugar certo, oficial, para desfilar, como ocorre com as escolas de samba, com arquibancadas, com som à altura”, reclamou. Bira promete, entretanto, que continuará lutando para ver seu pleito atendido. “Eu não quero desmerecer ninguém, mas acho que a gente merece [isso]. A entidade merece um respeito maior, mas a gente não tem”, acrescentou ele, lembrando que a bateria da Cacique de Ramos é composta por mais de 600 músicos.

Homenagem

No carnaval 2017, o Cacique de Ramos presta homenagem ao grupo musical Fundo de Quintal, um dos mais premiados da música popular brasileira, e o primeiro cujos integrantes saíram do bloco. Nomes como Jorge Aragão, que fez parte da primeira formação do Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Almir Guineto e Kleber Augusto serão lembrados durante o desfile.

Mas o Cacique foi berço também de outros cantores e compositores famosos, como Zeca Pagodinho, João Nogueira, Neguinho da Beija Flor, Emilio Santiago, Beth Carvalho, Luiz Carlos da Vila, além da jornalista Glória Maria,, lembrou Bira. Jogadores de futebol, campeões do mundo, também desfilaram pelo bloco, entre os quais destacou Jairzinho, Brito, Roberto Dinamite, Paulo César Caju e Carlos Alberto Torres.

O Cacique de Ramos é o único bloco do Rio de Janeiro que desfila de forma ininterrupta, desde sua fundação, em 1961. É o único bloco também cujo presidente é o mesmo desde então. No dia 20 de janeiro passado, ele completou 56 anos à frente do Cacique, e no dia 23 de março Bira vai comemorar 80 anos de idade.

Agência Brasil