Inseticidas reduzem sobrevivência e capacidade de voo de abelhas, diz estudo

Estudo da UFCG aponta que inseticidas para controle biológico afetam sobrevivência das abelhas, insetos essenciais para polinização

06:00 | Dez. 22, 2025

Por: Révinna Nobre
Exposição de abelhas aos inseticidas reduz a sobrevivência, diz estudo (foto: FERNANDA BARROS)

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) revelou que a exposição das abelhas africanizadas aos inseticidas clorantraniliprole (usado para insetos encontrados em frutas e hortaliças) e ciantraniliprole (usado para controle biológico) reduz a sobrevivência e prejudica a capacidade de voo

Segundo o pesquisador Ewerton Marinho da Costa à Agência Bori, a ideia do estudo foi responder a uma demanda crescente dos próprios agricultores.

“A principal motivação foi gerar informações para auxiliar na conservação das abelhas em áreas agrícolas. Essa é uma demanda dos produtores, que precisam de subsídios em relação aos efeitos de inseticidas sobre as abelhas para adoção de estratégias mitigadoras de risco”, explica o engenheiro-agrônomo.

O artigo “Survival and flight ability of Apis mellifera after exposure to anthranilic diamide insecticides”, publicado na última sexta-feira, 19, no Brazilian Journal of Biology, comparou a mortalidade e as implicações motoras em abelhas expostas de duas maneiras: por pulverização direta e pela ingestão de dieta contaminada. As análises foram realizadas em laboratório.

“Observamos que a exposição direta foi mais prejudicial às abelhas. Dentre os dois inseticidas, o ciantraniliprole causou os maiores percentuais de mortalidade”, afirma o professor.

Além da sobrevivência, a equipe avaliou a capacidade de voo das abelhas, que também sofreu alteração, segundo a pesquisa.

“A capacidade de voo das abelhas foi afetada, mesmo que de maneira sutil, após a exposição direta às gotículas da pulverização com os inseticidas”, explica. A comparação foi feita com abelhas pulverizadas com água destilada.

Fora esses resultados apurados, a pesquisa surpreendeu ao mostrar a baixa mortalidade proporcionada em ambos os modos de exposição em comparação com o controle positivo.

“Os resultados serão utilizados para orientar produtores sobre formas de mitigação de riscos para abelhas em condições de campo, destacando os ingredientes ativos mais prejudiciais e aqueles que causam baixa ou praticamente nenhuma mortalidade”, diz.

Apesar dos avanços, o pesquisador reforça que é necessário avaliar os inseticidas em condições reais de campo, considerando fatores ambientais como temperatura, vento e horário de aplicação.