Anvisa não aprova testosterona para mulheres, apontam sociedades médicas
A única indicação reconhecida para o uso terapêutico do hormônio é o tratamento do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo
19:37 | Dez. 11, 2025
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alertaram o público sobre o uso da testosterona em mulheres, em nota conjunta emitida na quarta-feira, 10.
O comunicado ainda ressaltou que não existe indicação de dosagem de testosterona para investigar valores baixos ou suposta deficiência androgênica feminina. Além disso, o Brasil não possui formulação do hormônio aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso feminino.
“A única indicação cientificamente reconhecida para o uso terapêutico de testosterona na mulher é o tratamento do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) em mulheres na pós-menopausa, após diagnóstico clínico criterioso e por exclusão”, diz o informe.
A decisão das sociedades médicas de esclarecer suas afirmações ao público veio após “melhores evidências científicas e diretrizes nacionais e internacionais” relacionadas ao uso de testosterona em mulheres.
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Anvisa não aprova testosterona para mulheres: riscos associados ao uso
De acordo com a SBEM, Febrasgo e SBC, os efeitos associados ao uso de testosterona, fora da única indicação citada, podem ser adversos. Entre eles, estão:
- Efeitos virilizantes como acne, queda de cabelo, crescimento de pelos, aumento do clitóris e engrossamento irreversível da voz;
- Toxicidade e tumores de fígado;
- Alterações psicológicas e psiquiátricas;
- Infertilidade e potenciais repercussões cardiovasculares como hipertensão arterial, arritmias, embolias, tromboses, infarto, AVC e aumento da mortalidade;
- Alterações de outros exames laboratoriais, como os de colesterol e triglicerídeos.
O uso de testosterona para fins estéticos (incluindo melhora de composição corporal, desempenho físico, disposição ou antienvelhecimento), em mulheres ou em homens, é vedado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A ação, que carece de base científica e regulatória, também não é reconhecida pela Anvisa.
“Não se recomenda o uso de implantes subcutâneos, pellets ou formulações manipuladas de testosterona, devido à ausência de controle de qualidade, farmacocinética imprevisível e riscos aumentados de eventos adversos”, alertam as sociedades médicas.
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