Temporada de desova da tartaruga-verde bate recorde em Fernando de Noronha
Com 772 ninhos na temporada 2024/2025, aumento de cerca de 80% em relação às temporadas de 2022/2023 e 2016/2017
17:28 | Jun. 15, 2025
A temporada 2024/2025 de desova da tartaruga-verde (Chelonia mydas) em Fernando de Noronha já entrou para a história, mesmo antes de ser finalizada. Dados divulgados no início de maio confirmam um novo recorde de ninhos no arquipélago, com 772 ao todo.
O número supera os recordes anteriores registrados nas temporadas de 2022/2023 e 2016/2017, que contabilizaram, respectivamente, 430 e 420 ninhos. Ou seja, trata-se de um aumento de cerca de 80%. E a marca ainda pode crescer, já que as desovas se encerram apenas no mês de junho.
As informações foram divulgadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Quando comparamos a atual temporada com as primeiras, na década de 1980, observamos um aumento multiplicativo de cerca de 20 vezes. É uma tendência promissora, que também já foi documentada em outros locais de reprodução da espécie pelo mundo”, afirma Claudio Bellini, analista ambiental do Centro Tamar/ICMBio.
A que se devem os aumentos de desova?
O aumento significativo no número de desovas pode ser resultado de décadas de esforços de conservação. Desde 1984, o Centro Tamar do ICMBio e a Fundação Projeto Tamar realizam monitoramento e proteção das tartarugas marinhas no arquipélago.
Estudos divulgados pelo ICMBio indicam que, nos primeiros cinco anos de monitoramento (1988–1992), a média anual de ninhos era de 38,6, enquanto nos últimos cinco anos (2018–2022), esse número saltou para 285,6, representando um aumento de 7,39 vezes.
Fernando de Noronha, com suas praias protegidas e esforços contínuos de conservação, consolidou-se como um dos principais santuários para a tartaruga-verde no Brasil, refletindo o sucesso das políticas ambientais implementadas ao longo das últimas décadas.
A Praia do Leão, localizada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, concentra cerca de 60% das desovas registradas no arquipélago.
Mais sobre a tartaruga-verde
A tartaruga-verde é uma espécie migratória que habita águas tropicais e subtropicais, com áreas de alimentação em regiões como o litoral brasileiro e áreas de desova em ilhas oceânicas como Fernando de Noronha, Atol das Rocas e Ilha de Trindade.
Sua dieta varia ao longo da vida: enquanto filhotes são onívoros, alimentando-se de matéria orgânica, águas-vivas e pequenos invertebrados, os adultos tornam-se predominantemente herbívoros, consumindo principalmente gramíneas e algas marinhas. Esse hábito alimentício contribui para a coloração esverdeada de sua gordura corporal, origem do nome da espécie.
A reprodução ocorre entre dezembro e junho, com pico de desovas entre janeiro e março. Cada fêmea pode realizar de 1 a 9 posturas por temporada, com cerca de 150 ovos por ninho. A eclosão dos ovos ocorre entre 45 e 75 dias após a postura, geralmente à noite, com os filhotes se orientando pela luz da lua para encontrar o caminho até o mar.
Apesar dos esforços de conservação, a tartaruga-verde enfrenta ameaças significativas, como pesca incidental, poluição marinha, coleta ilegal de ovos e destruição de habitats de nidificação. A proteção das áreas de desova e alimentação é essencial para a sobrevivência da espécie.