Conselho Federal de Medicina Veterinária critica exclusão de curso da proibição de oferta EaD

Com as novas dietrizes do MEC, os cursos de Direito, Medicina, Psicologia, Odontologia e Enfermagem passam a ser obrigatoriamente presenciais, mas CFMV critica ausência do curso de veterinária

09:45 | Mai. 21, 2025

Por: Gabriela Monteiro
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 14.03.2025: Clínica Veterinária Jacó em Fortaleza. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (foto: AURÉLIO ALVES)

O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) se manifestou contrário à exclusão do curso de Veterinária da nova regulamentação do Ministério da Educação para os cursos de graduação à distância.

A lista de cursos com proibição da oferta EaD inclui Medicina, Odontologia, Psicologia, Enfermagem e Direito. Determinação é do Ministério da Eduycação (MEC). 

A decisão foi recebida com surpresa e desapontamento, já que por muito tempo o CFMV realizou tratativas explicando que o curso de Medicina Veterinária também é da área da saúde e deve ser ofertado apenas na modalidade presencial.

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Conforme Ingrid Atayde, médica-veterinária e chefe do Setor de Comissões Técnicas do CFMV, existem Diretrizes Curriculares Nacionais que são claras quanto às habilidades práticas, além de que a teoria e prática são indissociáveis, sendo essencial que o aluno não apenas saiba "como fazer", mas também "saiba fazer".

“Isso só se aprende na prática, com aulas presenciais. Então, é todo um trabalho de esclarecimento que o CFMV vem fazendo ao longo dos anos e que foi simplesmente ignorado quando se permitiu essa semipresencialidade”, disse.

A veterinária disse ainda que a graduação em Medicina Veterinária pede domínio técnico, sensibilidade clínica e, sobretudo, prática real e contínua, e que a profissão atua na prevenção de zoonoses, vigilância sanitária, inspeção de alimentos, defesa agropecuária e promoção da saúde única.

A resolução que permite o modelo semipresencial para a Medicina Veterinária autoriza que até 50% da carga horária seja realizada de forma remota. Isso inclui 30% em atividades remotas diversas e 20% em atividades síncronas à distância.

Ingrid pontua ainda que o Conselho acredita que esse modelo terá um forte impacto na formação por diversos motivos. “As DCNs determinam que, no último ano do curso, o aluno passe por um internato e aplicações práticas em todas as áreas, com apenas 10% deste período dedicado a disciplinas teóricas. O modelo semipresencial, ao permitir uma carga remota maior, já não se enquadraria nesta determinação do último ano”, explica.

Além disso, algumas disciplinas que são essencialmente práticas serão afetadas pelo ensino à distância, como é o caso de clínica médica e exame cirúrgico dos animais, reconhecimento e inspeção de produtos de origem animal para consumo humano (como carne, leite, queijos), onde o aluno precisa treinar sob supervisão para identificar se o produto é seguro, e práticas de laboratório.

 


“A preocupação central é que, ao permitir que grande parte dessa carga prática seja remota, o aluno não aprende a fazer efetivamente. Ele pode saber a teoria e entender como o procedimento deve ser realizado, mas não desenvolve a habilidade manual e a experiência de tentar, errar, acertar e ser supervisionado, que são cruciais para que, após formado, ele consiga executar essas tarefas sozinho”, complementa.

A representante finaliza dizendo que o CFMV, em parceria com os outros cursos da área da saúde, solicitou uma audiência com o Ministro da educação para pedir explicações.”Queremos saber qual foi o critério para excluir a medicina veterinária dessa categoria que existe que exige a presencialidade, especialmente porque a medicina veterinária realmente tem em todos esses ofícios. Ela trabalha com a clínica, ela trabalha com epidemiologia e cuidados à vida”.