MG: policiais invadem casa "por engano" e matam cachorro da família
Segundo a tutora de Brutus, como o cão era chamado, a polícia tinha mandado de busca e apreensão contra um suspeito desconhecido por todos da família
21:53 | Abr. 24, 2025
Um cachorro da raça pastor alemão foi atingido por um disparo na cabeça durante uma ação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). O caso aconteceu nesta quinta-feira, 24, no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte.
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O tiro foi efetuado por um agente da corporação, que estavam no local para cumprir um mandado de busca e apreensão.
A corporação informou ao jornal Estado de Minas que a localização foi previamente identificada e, ao chegarem, as equipes se deparam com um portão de ferro aberto e diversos cães no interior do quintal.
“Durante a aproximação, observou-se que os animais apresentavam comportamento agitado. Com o intuito de preservar a integridade dos policiais e minimizar qualquer risco, foi utilizado spray de pimenta na tentativa de conter os cães. Apesar da medida, os animais não recuaram”, explicou a pasta em nota.
Segundo a nota enviado ao jornal mineiro, no momento em que um dos policiais empurrou levemente o portão para olhar dentro do imóvel, o cão saiu para a rua e investiu contra ele. “Diante da iminente ameaça, o agente efetuou um disparo, atingindo o animal, que infelizmente morreu”, informa.
“Prontamente, a equipe prestou os devidos esclarecimentos à família residente no local e apresentou o mandado judicial. Reforçamos o compromisso da Polícia Civil com a legalidade, o respeito aos direitos dos cidadãos e à integridade de todos os envolvidos em suas ações”, ressaltou a corporação.
“Eles foram totalmente despreparados”, afirma tutora do animal
A tutora de Brutus, Michelle Santos, 38, relatou ao portal O Tempo, que o cachorro se assustou no momento em que a equipe da PCMG arrombou o portão da residência.
Ela abriu a janela do quarto, e viu o cachorro latindo bastante, e que o pastor alemão avançou nos agentes com o intuito de proteger a família da invasão, momento em que sofreu um disparo de um dos policiais.
"Eles entraram armados e pediram para eu, meu marido e meus filhos colocarmos a mão na cabeça. Disseram que tinham mandado de busca e apreensão contra um suspeito desconhecido por nós”, relata.
“Falei para eles que todos ali em casa são trabalhadores, que não havia nenhum criminoso. Fui correndo ver o meu cachorro. Fiquei desesperada", relata.
Michelle conta que o cão, que tinha quatro anos, era dócil e o único escudo de proteção da família.
"É uma tremenda covardia. Eu vi tudo, não foi ninguém que me contou. É um sentimento de revolta muito grande e de impotência também. Eles foram totalmente despreparados. Todos estamos tristes e traumatizados com o fato", declarou a dona do animal.
Lei Sansão
A Lei Sansão (14.064/2020), que altera o decreto antigo — N° 9.605/1998 — aumenta as penas cominadas ao crime de maus-tratos aos animais quando se trata de cão ou gato.
A pena é entre de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Segundo O Tempo, o vereador e defensor da causa animal, Osvaldo Lopes (PSD), protocolou um ofício na Corregedoria-Geral da PCMG, solicitando a imediata apuração da morte do animal.
O parlamentar pediu a abertura de um procedimento investigativo sobre a entrada indevida na residência, a identificação e responsabilização dos agentes envolvidos na morte do animal e uma resposta formal sobre as providências adotadas.