Antropóloga promete dar continuidade ao trabalho de Bruno Pereira
Beatriz Matos, viuva do indigenista assumiu cargo no Ministérios dos Povos Indígenas nesta segunda-feira, 27
21:14 | Fev. 27, 2023
A antropóloga Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, afirmou hoje (27) que assumir o cargo de diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, no Ministério dos Povos Indígenas, significa "dar continuidade ao trabalho de Bruno". Ela foi uma das participantes de evento organizado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), em Atalaia do Norte (AM), ao qual compareceram representantes do primeiro e segundo escalões do governo federal e estadual, além de lideranças indígenas de diversos povos.
"E ao de companheiros do Bruno", completou. "A gente vai cumprir, juntos, essa política. Quero dizer que estou aberta e estou muito honrada com esse cargo. Estou lá e estou levando o Javari comigo. Esse ministério, esse departamento vai ter sempre os ouvidos sempre aberto para vocês. Esse lugar é muito importante para mim, para minha família e o Brasil todo", disse, na sequência, dirigindo-se aos indígenas que compareceram.
Beatriz já foi presidente do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. A antropóloga comentou no evento que seus filhos também sofreram ameaças, após o homicídio de seu companheiro, descrito, em carta lida no evento, como um "indigenista dedicado, que se decepcionou com o órgão que devia protegê-lo".
Presidente da FUNAI, Joênia Wapichana, à esquerda, ao lado de Beatriz de Almeida, e à direita, Alessandra Sampaio, esposa de do jornalista Don Philips- Marcelo Camargo/Agência Brasil
Relação do poder público com indígenas
O coordenador da Univaja, Paulo Marubo, afirmou que, embora confie na seriedade de Beatriz, teme que a burocracia imponha um grau de lentidão às atividades que ela exercerá. "Criamos expectativa com pessoas que nós conhecemos e que fizeram parte da luta do movimento indígena. Mas, quando entram no governo, não depende só dela, depende do superior dela", declarou.