Ministro da Justiça participa da negociação de rendição de Roberto Jefferson
Ex-deputado federal, que é aliado de Bolsonaro, atirou e lançou granada em policiais federais durante cumprimento de prisão. Dois agentes ficaram feridos
18:56 | Out. 23, 2022
Após a veiculação de novos vídeos com ataques ao processo eleitoral e a ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes determinou a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB).
No meio da tarde, o ministro da Justiça, Anderson Torres, chegou ao local e, segundo informações da Polícia Militar, que participa do cerco, está negociando a rendição do dirigente petebista, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Roberto Jefferson atirou em policiais federais durante cumprimento de prisão, além de usar granadas, resultando em dois policiais feridos. Até o momento, o ex-deputado segue em casa, resistindo à prisão para o regime fechado — atualmente, ele cumpre prisão domiciliar por condenação por corrupção dentro do âmbito do Mensalão.
Segundo informações da Polícia Federal, os policiais permanecem no local e o efetivo policial foi reforça visando cumprir a determinação judicial.
Ex-deputado federal, Roberto Jefferson tem agido como um dos aliados mais extremistas do presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter sido brevemente candidato a presidente da República.
A candidatura acabou impedida justamente por conta das condenações do político, sob as regras da Lei da Ficha Limpa. Padre Kelmon se tornou o candidato do PTB, agindo também como aliado de Bolsonaro.
Derrotado no primeiro turno, Kelmon declarou apoio à reeleição do presidente da República e também está na residência de Roberto Jefferson, tendo entregue parte das armas do ex-deputado federal para policiais.
Grupos da divisão antissequestro com negociadores, esquadrão antibombas e policiais com grupamento de operações com cães também estão no local, assim como agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Com a nova decisão de que Roberto Jefferson retorne à prisão no regime fechado, o ministro Alexandre de Moraes também determinou a busca e apreensão em documentos, celulares, tablets e quaisquer outros dispositivos eletrônicos que estejam na residência do ex-deputado.
O ministro o proíbe ainda de conceder entrevistas e receber visitas no presídio, inclusive de familiares, a não ser com autorização judicial.
Agentes ficam feridos na ação
A Polícia Federal (PF) informou, em nota, que dois de seus agentes ficaram feridos por estilhaços de granada arremessados por Jefferson ao chegaram ao local para cumprir o mandado de prisão expedido pelo STF.
Segundo fontes que acompanham o caso, uma agente foi alvejada de raspão na cabeça e na perna, e o delegado Marcelo Vilela foi atingido por estilhaços na cabeça. Ambos foram levados para o pronto-socorro e liberados após atendimento médico.
Vídeos divulgados pela defesa de Jefferson mostram agentes em frente à residência, em Levy Gasparian, sendo filmados pela câmera de segurança.
Ao fundo, o parlamentar diz que eles estavam ali para prendê-lo. Em uma segunda imagem, uma viatura da corporação aparece com os vidros atingidos. A troca de tiros, porém, não é exibida.
A residência está cercada de viaturas da Polícia Militar e vans do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Nova prisão
Roberto Jefferson está em prisão domiciliar desde janeiro, quando deixou o regime fechado por questões de saúde.
A transição de regime, porém, também contava com proibição de fazer postagens nas redes sociais. O ex-deputado gravou vídeos da confusão deste domingo e foi advertido em setembro por estar descumprindo acordo.
Em agosto de 2021, ele teve a prisão decretada após propagar novas ameaças às instituições.
Na decisão em que a detenção foi determinada, Moraes destacou que as publicações disseminadas tinham o "nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir o processo eleitoral, com ataques institucionais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao seu ministro presidente. As manifestações, discursos de ódio e homofóbicos e a incitação à violência não se dirigiram somente a diversos ministros da Corte, chamados pelos mais absurdos nomes, ofendidos pelas mais abjetas declarações, mas também se destinaram a corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de Direito”. (Colaborou André Bloc)