Vídeo mostra PM agredindo mulher com chutes e socos em Mato Grosso do Sul

Caso ocorreu no dia 26 de setembro deste ano, mas as imagens da agressão só foram divulgadas nesta segunda-feira, 23

07:13 | Nov. 24, 2020

Com a divulgação do vídeo, vítima disse que irá até a corregedoria da Polícia Militar em Campo Grande (MS) para registrar Boletim de Ocorrência (foto: Reprodução/Twitter)

Uma mulher de 44 anos foi agredida por um 2º tenente da Polícia Militar no município de Bonito, em Mato Grosso do Sul (MS). O caso ocorreu no dia 26 de setembro deste ano, mas as imagens da agressão só foram divulgadas nesta segunda-feira, 23, o que gerou revolta nas redes sociais.

Segundo a Polícia Militar (PM), os policiais que aparecem no vídeo foram identificados e estão sendo investigados sobre o caso. Nas imagens, a mulher é agredida por socos e chutes por um policial, enquanto o outro apenas presencia a situação. Logo em seguida, uma policial militar mulher tenta deter o colega de profissão.

"VIOLÊNCIA POLICIAL CONTRA MULHER GRÁVIDA"
O segundo-tenente André Luiz Leonel Andrea, comandante do 3º Pelotão em Bodoquena foi flagrado em vídeo de câmeras de segurança dando socos e chutes contra uma mulher que estava algemada. E ocorreu dentro do quartel da PM de Bonito (MS). pic.twitter.com/XeBNtUX1b4

— Lázaro (@lazarojribeiro) November 22, 2020

 

Segundo a vítima das agressões, que pediu para não ser identificada, ela não prestou queixa na época do ocorrido por não ter provas das agressões até então, além de ter sido negada a ela a possibilidade de registrar Boletim de Ocorrência e dificultado a realização de exame de corpo de delito.

Com a divulgação do vídeo, ela disse que iria até a corregedoria da Polícia Militar em Campo Grande (MS) para registrar Boletim de Ocorrência nesta segunda-feira, 23, e ainda entraria com ação na Justiça contra o Estado. As informações são do portal G1.

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— O POVO Online (@opovoonline) November 24, 2020

Entenda o caso

 

Conforme informações da vítima ao G1, ela havia ganhado a viagem a Bonito de presente de aniversário do marido, que é policial militar, e que foi até a cidade turística com os 3 filhos. A mulher contou que, no terceiro dia de viagem, foi até um restaurante para pegar "arroz e feijão" para a filha caçula de 3 anos, que tem transtorno do espectro do autismo e estaria com fome. Ainda segundo a mulher, ela pediu pressa à atendente para a menina não chorar.

Porém, de acordo com ela, a comida demorou mais de uma hora e meia. A mulher discutiu com a dona do local, que teria chamado a criança de "verme da sociedade". "Nessa hora eu fui para cima da proprietária do restaurante e uma confusão se iniciou. Minha filha de 17 anos separou a gente e voltamos para o hotel", afirmou. Minutos depois, ainda segundo a mulher, a Polícia Militar foi até a pousada onde a família estava.

Conforme o depoimento da turista, um policial militar a teria abordado violentamente, já puxando a mulher pelos cabelos. O homem foi posteriormente identificado como 2º tenente e comandante da Polícia Militar em Bodoquena, cidade vizinha a Bonito. O PM a teria algemado e levado a família até o Batalhão da Polícia Militar no município, chamando o Conselho Tutelar para levar os filhos da mulher para um abrigo. Este foi o momento das agressões gravadas em vídeo, de acordo com a vítima.

“Eu fiquei desesperada quando soube que iria ficar sem meus filhos e aí o policial me deixou naquela sala, sem poder ligar para ninguém”, afirmou. Nas imagens filmadas por uma câmera de segurança, é possível ver o homem agredindo a mulher com socos, tapas e chutes. Ele só é parado quando outra policial militar consegue o afastar de perto da vítima, que tenta se defender.

Ainda segundo o depoimento da vítima, ela foi levada até a Delegacia da Polícia Civil, onde passou 48 horas presa por desacato. Ela afirmou que só então o marido dela ficou sabendo do ocorrido, a retirando da detenção e pegando os filhos no Conselho Tutelar. A mulher ainda disse que, quando saiu, não foi atendida pelo delegado e foi informada de que precisaria escolher entre realizar o exame de corpo de delito no dia seguinte - ficando detida até lá - ou ser liberada naquele instante.

Em nota enviada ao G1, a PM afirmou que durante a confecção do Boletim de Ocorrência, a suspeita teria se exaltado contra os policiais, que precisaram a algemar e mantê-la dentro do compartimento para condução de detidos. Quanto às agressões, a PM disse que identificou os policiais envolvidos e determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar os fatos.