Heloísa, esposa de Eduardo Bolsonaro, ataca "movimento antivacina" e depois volta atrás

Psicóloga se pronunciou em resposta a seguidores na rede social Instagram; após dizer que posicionamento era "coisa de retardado", Heloísa Bolsonaro voltou atrás

22:16 | Nov. 24, 2020

Psicóloga se retratou após criticar pessoas que se opõem à vacinação obrigatória; o chamado movimento anti vacina usa argumentos sem comprovação científica para defender suas posições (foto: Reprodução)

A psicóloga Heloísa Bolsonaro, esposa do deputado federal Eduardo Bolsonaro, criticou o chamado "movimento antivacina" em suas redes sociais nesta terça-feira, 24. Pouco tempo depois, no entanto, ela voltou atrás na posição.

Heloísa publicou um Story em seu Instagram respondendo a um seguidor, que perguntou se ela planejava vacinar a filha recém-nascida, Geórgia. "Geórgia toma e tomará todas as vacinas para cada fase. Não sabia que existia um movimento antivacina, mas agora sabendo, só pode ser coisa de retardado", afirmou.

Poucas horas depois da fala capacista, no entanto, ela mudou de opinião sobre o tema da imunização. Em outra publicação, no mesmo formato, Heloísa pediu desculpas aos seguidores, afirmando que "são apenas pessoas que pensam diferente".

A afirmação inicial de Heloísa, a favor da vacinação, contraria os posicionamentos da família Bolsonaro, que têm insistido contra a vacinação obrigatória da Covid-19. A doença tem atualmente a maior taxa de contágio no Brasil desde maio.

Especialistas reafirmam segurança de vacinas

O chamado "movimento antivacina" afirma que o método de imunização traria riscos à saúde e não seria efetivo. Estes argumentos, no entanto, não encontram respaldo na ciência.

Um dos pontos levantados seria que a vacinação teria consequências como desenvolvimento de autismo em crianças. Além de não haver evidência científica sobre esta questão - o estudo usado para mostrar a relação entre vacinas e autismo foi comprovadamente fraudado e seu autor foi proibido de trabalhar como médico. O autismo é uma condição neurológica presente desde o desenvolvimento do feto, e não pode ser causado por fatores externos.

Outra argumentação seria a ineficácia das vacinas, que não protegeriam de fato contra as doenças. Esta visão ignora, por exemplo, que a varíola é considerada erradicada no mundo por causa de campanhas de vacinação mundiais realizadas desde os anos 1960, apesar de ter estado presente na humanidade por milênios antes do desenvolvimento da imunização.

Em setembro, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) encaminhou ao Ministério da Saúde documento em que pede ao governo que adote medidas para estimular a adesão a campanhas de vacinação, e elabore ações contra a desinformação sobre vacinas.

No Brasil, duas a cada três pessoas acreditam em informações falsas sobre a estratégia de imunização, algo que é entendido pela SBP como "um problema de saúde pública". Além de proteger a própria pessoa, a vacina é necessária para conter a propagação das doenças, devido ao fato de que parte da população tem intolerância a determinados elementos usados na fabricação - as vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), contra gripe e contra febre amarela, por exemplo, são encubadas em ovos, e quem tem alergia ao alimento não pode tomá-las, dependendo da adesão massiva à imunização para poder manter-se saudável.