Brasil sobe quase 10% em emissões de gases de efeito estufa em 2019
De acordo com relatório, o crescimento das emissões em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, foi puxado pelo desmatamento na Amazônia
13:57 | Nov. 09, 2020
No primeiro ano do governo Bolsonaro, 2019, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) subiram 9,6%. Foram 2,17 bilhões de toneladas brutas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) expelidas na atmosfera pelo Brasil, contra 1,98 bilhão em 2018. No mesmo ano, a Secretaria de Mudança do Clima e Florestas, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi extinta e os planos de prevenção e controle do desmatamento (PPCDAm e PPCerrado), engavetados.
Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). De acordo com o relatório, o desmatamento na Amazônia é o principal responsável pelo aumento das emissões: a quantidade de GEEs do setor de mudança de uso da terra subiu 23% em 2019, atingindo 968 milhões de tCO2e — contra 788 milhões em 2018.
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Uso da terra é a forma que a terra está sendo aproveitada, ou seja, se é para área urbana, pastagens, florestas, locais de mineração, entre outros. Nesse sentido, o desmatamento respondeu por 44% do total das emissões do País no ano passado, indo na contramão do estabelecido nas metas ambientais brasileiras.
O Decreto 9.578, de 2018, determinou que o Brasil deveria chegar a 2020 com emissões brutas máximas de 2,068 bilhões de toneladas de CO2e. O Seeg calcula 2,17 bilhões. Já a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), de 2009, projetava reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% para 2020, comparado à média entre 1996 e 2005.
“Em 2020, dados do sistema de alertas Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que carregam uma subestimativa média de 50% em relação aos dados oficiais do sistema Prodes, já apontavam um desmatamento de pelo menos 9.126 km², mais do que o dobro da meta da PNMC, de 3.925 km²”, afirma o relatório.
PA, MT, SP e AM são os estados que mais emitem GEEs
Pela primeira vez, o Amazonas configura entre os quatro estados que mais emitem GEEs no Brasil. Em 2019, o Pará (18,4% do total), Mato Grosso (10,6%), São Paulo (6,9%), Amazonas (6,8%) e Minas Gerais (6,7%) foram os principais emissores brasileiros.
Nos estados nortistas, é o setor de mudança de uso da terra que impulsiona o crescimento, enquanto a agropecuária e o setor de energia (especialmente o transporte) têm influência significativa em SP, MT e MG. O relatório ainda aponta, para Minas Gerais, as emissões oriundas do gado de leite.