Salário mínimo em julho deveria ser mais de 4 mil reais, aponta Dieese

O valor corresponde a 4,23 vezes a remuneração mínima do trabalhador que está em R$ 1.045,00

10:12 | Ago. 07, 2020

O cálculo foi feito a partir do valor da cesta básica mais cara entre as 17 capitais pesquisadas (foto: JÚLIO CAESAR)

Para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, o salário mínimo deveria ser R$R$ 4.420,11, em julho. O indicativo foi definido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) após a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta quinta-feira, 6.

O valor corresponde a 4,23 vezes a remuneração mínima do trabalhador, que está em R$ 1.045,00. O salário mínimo ideal está na casa dos 4 mil desde fevereiro de 2019, enquanto o valor pago era de R$ 998.

O cálculo foi feito a partir do valor da cesta básica mais cara entre as 17 capitais pesquisadas. Em julho, Curitiba ocupou essa posição, com cesta básica custando R$ 526,14. A pesquisa sobre a básica avalia e coleta dos preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta. Já para o cálculo do salário mínimo necessário, o Dieese multiplica o valor por três, considerando uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças, que por hipótese, consomem como 1 adulto.

O Dieese usa como base o Decreto lei nº 399, que estabelece que a parcela do salário mínimo que correspondente aos gastos com alimentação não pode ter valor inferior ao custo da cesta básica nacional. O salário mínimo é considerado também para que o trabalhar arque com despesas como habitação, alimentação, vestuário, transporte e higiene.

Valor da cesta básica em julho

A pesquisa também apontou que o valor da cesta básica diminuiu em 13 capitais pesquisadas, incluindo as quatro do Sudeste e a maioria das localizadas no Nordeste. Fortaleza foi uma das cidades que apresentou redução em comparação com junho. O valor ficou em R$ 454,74, 2,06% a menos que junho. Entretanto, o custo ocupou quase a metade do salário, 47,04% do salário mínimo líquido. Em outras quatro cidades, o custo da cesta básica subiu.

"Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em julho, na média, 48,26% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em junho, o percentual foi de 48,94%", aponta a pesquisa.


A pesquisa da Cesta Básica de Alimentos (Ração Essencial Mínima) acompanha mensalmente a evolução de preços de treze produtos de alimentação, assim como o gasto mensal que um trabalhador teria para comprá-los. São eles: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, legumes (tomate), pão francês, café em pó, frutas (banana), açúcar, banha/óleo e manteiga.

 

Desde abril, a pesquisa tem sido feita virtualmente nos estabelecimentos que fazem parte da amostra regular da pesquisa, por telefone, e-mail, consultas na internet e em aplicativos de entrega. "A entidade encontrou inúmeras dificuldades nessa coleta, entre elas a ausência de dados em sites, aplicativos ou a recusa dos funcionários dos estabelecimentos, atribulados pelo trabalho em tempo de pandemia, em repassar os preços por telefone ou e-mail", ressaltam os pesquisadores.