Com nome de "Krespinha", Bombril lança esponja de aço para "limpeza pesada" e público aponta racismo da marca

Tema esteve entre assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta quarta, 17. Internautas se mobilizam para denunciar

10:40 | Jun. 17, 2020

A utilização de Krespinha nesse caso é considerada racista por se associar à limpeza (foto: Divulgação/Bombril )

Atualizada às 20h30min de 17 de junho

Após lançar esponja de aço inox com nome "Krespinha", o público aponta racismo da marca Bombril e se mobiliza para denunciar ao Conselho Nacional Auto Regulamentação Publicitária (Conar). A marca é acusada de racismo porque o nome "Krespinha" é uma associação pejorativa ao cabelo crespo de pessoas negras. A hashtag #BombrilRacista é um dos assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta quarta, 17.

A #BombrilRacista botou no mercado um produto que simplesmente faz chafurdo em cima do preconceito contra homens e mulheres racializados.

Não tem como ter sido um deslize. FOI NA MALDADE!

FAÇA SUA DENUNCIA NO SITE DA CONAR! https://t.co/WXpkYsyJSF pic.twitter.com/ygTtx7UnQL

— alice carvalho (@alicecarvalho) June 17, 2020

 

No site da marca Bombril, o produto é definido como "perfeita para limpeza pesada", utilizado para a remoção de sujeiras e gorduras "de um jeito rápido e efizaz, sem esforço". A empresa ainda não se pronunciou sobre os questionamentos. As informações são do portal UOL.

Também nas redes sociais, muitos usuários relembraram uma campanha a esta na década de 1950. Uma esponja chamada "Krespinha", da S. A. Barros Loureiro Indústria e Comércio, era vendida na loja Sabarco, em São Paulo. A divulgação em 1952 levava uma menina negra no logo, personificando a esponja na figura da garota.

Além do desenho, um usuário do Twitter apontou para referências históricas que poderiam estar subjetivamente ligadas. O "k" de krespinha poderia ser em referência a Ku Klux Klan, que vivia seu auge na época. A campanha também trazia a frase "as suas ordens", colocando em tom de servidão.

Pessoas demonstraram indignação na rede social e pediram respostas:

""Aí Levi, mas você que tá vendo racismo onde não tem. Reciclaram esse produto cujo divulgação tinha uma criança negra de cabelo crespo, o nome é Krespinha e eu que estou vendo racismo onde não tem?", diz Levi Kaique Ferreira, palestrante e colunista do site Mundo Negro.

"Aí Levi, mas você que tá vendo racismo onde não tem."

Reciclaram esse produto cujo divulgação tinha uma criança negra de cabelo crespo, o nome é Krespinha e eu que estou vendo racismo onde não tem?#BombrilRacista pic.twitter.com/D7n0Yx0URy

— Levi Kaique Ferreira (@LeviKaique) June 17, 2020


O fotojornalista Laerte também comentou o assunto, afirmando que a única nota de repúdio que quer "é a prisão dos responsáveis".

 

O ano é 2020 e a Bombril comete lança um produto com conotação racista. Nem adianta falar que isso foi um deslize, isso foi RACISMO! A única nota de repúdio que eu quero é a prisão dos responsáveis. #BombrilRacista pic.twitter.com/oeAmfPuniE

— laerte (@brenolaerte) June 17, 2020

Um usuário ainda lembrou o assassinato de George Floyde e a onda de protestos antirracistas que estouraram no mundo:

Em pleno século 21, dias após o assassinato de George Floyd, em meio da uma onde de protestos antirracismo a @BombrilOficial relança esse produto. Eu demitiria todo o departamento de MKT junto com a agência que fez essa merda. #BombrilRacista pic.twitter.com/vdgk392H5k

— Cleber Quiroga (@CleberQuiroga) June 17, 2020


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Após repercussão negativa da campanha, a Bombril publicou uma nota se desculpando pelo ocorrido e frisando que irá remover permanentemente a marca “Krespinha” do seu portfólio de produtos. Na nota, a empresa pontua que a campanha em questão não se tratava de um lançamento ou reposicionamento de produto como alegaram algumas críticas de internautas, reproduzidas pelos veículos de comunicação. “A marca estava no portfólio há quase 70 anos, sem nenhuma publicidade nos últimos anos, fato que não diminui nossa responsabilidade”, pontua a Bombril.

A empresa destaca ainda que irá rever, “imediatamente”, toda a comunicação da campanha e ressalta que buscará identificar ações que possam gerar ainda mais compromisso da marca com a diversidade. “Não há mais espaço para manifestações de preconceitos, sejam elas explícitas ou implícitas”, completou.

Confira nota na íntegra: