Quantidade de indenizações pagas pelos Correios cresce mais de 1.000%

Após avaliação, usuários lesados em casos como o do incêndio no galpão de Fortaleza também são ressarcidos

17:18 | Fev. 16, 2018

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A quantidade de indenizações pagas pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) cresceu 1.054,56% em cinco anos, segundo relatório de auditoria feita pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU). Os processos envolvem atraso, extravio, roubo, avaria, espoliação e outros incidentes que prejudicam o consumidor.

Os dados mais recentes, divulgados no fim do ano passado, apontam que entre o período de 2011 a 2016, a despesa da estatal com indenizações cresceu de R$ 60,05 milhões para R$ 201,74 milhões. O aumento do valor é de 235,9%. Já a quantidade de indenizações não é informada no relatório, que cita apenas a alta de 1.054,56%. O POVO Online questionou os Correios e a CGU sobre esses números. A empresa disse que não poderia fornecer os dados por questões estratégicas. A CGU, contatada nesta quinta-feira, 15, informou que, atendendo pedido da estatal, não pode publicar os números.

Em situações como a que ocorreu no Centro de Triagem em Fortaleza na última terça-feira, 13, em que 90% do prédio foi consumido pelas chamas, os Correios realizam levantamento da carga postal destruída e efetuam o ressarcimento. O procedimento foi o mesmo realizado nos outros três incêndios registrados em unidades dos Correios nos últimos 13 meses, conforme mostrou O POVO Online.

Para Tadeu Oliveira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE), além dessas destruições coletivas de produtos, atrasos, perdas e danos às entregas são reflexos da falta de investimento em profissionais. "Parece que a gestão federal da empresa prefere pagar indenizações, mostrar que os Correios estão quebrados e defender a privatização a realizar concurso e contratar material humano para oferecer um serviço público de qualidade", criticou.

[SAIBAMAIS] 

Defasagem

Desde 2011, a estatal não realiza certames para aumentar o quadro de funcionários. Segundo dados da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a defasagem é de aproximadamente 20 mil profissionais. No relatório produzido pela Controladoria-Geral da União (CGU), a empresa aponta medidas para reduzir extravios.

A gestão anunciou um plano de avaliação de riscos no processo operacional, a implantação de controle de acesso às unidades de tratamento, carga e entrega, a realização de inspeções e a criação de interface de comunicação entre clientes e a empresa.

O POVO Online questionou os Correios sobre os motivos do aumento das indenizações e quais medidas são tomadas para frear o crescente número de casos. Contudo, a estatal informou que as respostas não podem ser disponibilizadas "em função do seu caráter estratégico". O número de quantas indenizações foram pagas nos períodos analisados não puderam ser informados à reportagem.

"Os dados consolidados em âmbito corporativo/nacional já foram disponibilizados em relatório tornado público pela CGU. Parte do conteúdo do relatório, considerado estratégico pelos Correios, foi suprimido a pedido da empresa, por razões de sigilo empresarial. Cabe mencionar que tais informações, mesmo no formato agregado, não são divulgadas pela grande maioria dos correios do mundo", informou em nota.