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Chefe da Defesa Civil de Fortaleza é denunciado por envolvimento em "sumiço" de doações

Entre equipamentos perdidos estão dezenas de roteadores, aparelhos GPS, celulares e câmeras, que não chegaram sequer a ter entrada registrada na Defesa Civil

10:31 | 20/03/2019
Doações iriam para estruturação de coordenadoria especial da Defesa Civil de Fortaleza (Foto: Evilázio Bezerra/O POVO)
Doações iriam para estruturação de coordenadoria especial da Defesa Civil de Fortaleza (Foto: Evilázio Bezerra/O POVO)(Foto: O POVO)

O Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu à Justiça condenação por improbidade administrativa do coordenador da Defesa Civil de Fortaleza, Cristiano Férrer. Em Ação Civil Pública assinada pelo promotor Ricardo Rocha, o gestor é acusado de envolvimento no “sumiço” de mais de 2,5 mil equipamentos doados em 2013 pela Receita Federal à Defesa Civil da capital.

Encaminhado após pedido pessoal de Férrer à Receita para a suposta estruturação de uma coordenadoria da área, o material avaliado em R$ 44,1 mil teria desaparecido sem maiores explicações. Entre equipamentos perdidos estão dezenas de roteadores, aparelhos GPS, celulares e câmeras, que não chegaram sequer a ter entrada registrada na Defesa Civil.

Veja os equipamentos que teriam desaparecido da Defesa Civil:

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“Não fosse somente a omissão em observar os trâmites formais para recebimento das mercadorias, fato mais grave ainda diz respeito ao desconhecimento da destinação a que elas foram submetidas, tendo em vista que, à exceção de poucas unidades desse material, nunca se soube o paradeiro dos demais objetos na sede da Defesa Civil de Fortaleza”, diz Ricardo Rocha.

Em sindicância aberta pela própria Prefeitura de Fortaleza em 2017, foram localizados apenas 17 roteadores e nove câmeras fotográficas da doação inicial. Além do “sumiço”, a investigação interna ainda constatou que telefones da Defesa Civil receberam ligação de uma pessoa interessada em negociar com Férrer a venda de parte dos bens desaparecidos.

"Passeios ciclísticos"

Em defesa na sindicância da Prefeitura, o gestor admitiu não ter feito registro adequado dos equipamentos, mas negou irregularidades. Segundo ele, parte do material foi distribuído em kits de passeios ciclísticos do órgão, sendo que grande parcela dele sequer funcionava adequadamente.

Na ação civil pública, o MPCE pede que a Justiça determine produção de "todos os meios de provas possíveis" para o avanço da investigação. Até agora, Férrer é acusado apenas por improbidade administrativa, podendo ser condenado a devolver os valores e à suspensão dos direitos políticos. Com novos indícios, no entanto, ele pode vir a responder criminalmente.

A investigação do caso foi aberta pouco tempo após o envio dos materiais, em denúncia apresentada pelo Sindicato dos Servidores de Proteção e Defesa Civil do Ceará (Sindece). Na sindicância interna, chegou a ser recomendada a demissão de Cristiano Férrer do cargo, mas ele segue na função até hoje.

Procurado pelo O POVO, o chefe da Defesa Civil disse que irá esclarecer o caso à Justiça e não quis falar mais sobre o assunto. O POVO também procurou a Prefeitura de Fortaleza desde a última sexta-feira, 15, sobre o suposto sumiço de materiais. Porém, não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Carlos Mazza