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Palocci diz que Lula pediu R$ 30 mi para Delfim e Bumlai

2019-01-21 01:30:00

O ex-ministro Antonio Palocci afirmou, em delação premiada, que Delfim Netto recebeu R$ 4 milhões de um acerto de R$ 15 milhões de propinas ao PT supostamente repassados pela Andrade Gutierrez. Delfim foi o ministro da Fazenda do regime militar, nos anos 1970. Ele ficou famoso como o ministro do "milagre econômico".

 

Em 9 de março de 2018, Delfim foi alvo de buscas e apreensões no âmbito da Operação Buona Fortuna, 49ª fase da Lava Jato. Segundo os investigadores, já foram rastreados pagamentos em valores superiores a R$ 4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões.

 

Palocci detalhou sua atuação no acerto de R$ 135 milhões em propinas em Belo Monte - equivalente a 1% do contrato de R$ 13,5 bilhões. O valor teria sido dividido de forma igualitária, 50% cada, entre o PT e o MDB. E incriminou Lula e Dilma no esquema.

 

O ex-ministro afirma que Lula "se envolveu diretamente" na corrupção em Belo Monte. Segundo ele, o ex-presidente exigiu que o amigo José Carlos Bumlai e Delfim Netto recebessem "milhões" no negócio, por terem formulado o consórcio vencedor do contrato.

 

O ex-ministro disse que "Lula insistia que deveriam ser pagos em virtude da atuação de Delfim Neto e Bumlai na formação do consórcio vencedor" e "que Lula informou que Bumlai e Delfim Neto deveriam receber R$ 30 milhões pela formação do consórcio alternativo e que ainda não tinham sido pagos".

 

Palocci relata que R$ 15 milhões, metade do total, foram quitados a Delfim e ao PT. Delfim teria ficado com R$ 4 milhões.

 

A defesa de Antonio Delfim Netto, representada pelos advogados Ricardo Tosto e Jorge Nemr, esclarece que "o professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. Os valores que recebeu foram honorários por consultoria prestada".

 

A ex-presidente Dilma afirmou, em nota, que "Palocci mente em delação premiada, tentando criar uma cortina de fumaça porque não tem provas que comprometam a idoneidade e a honra" dela. Em nota, ela chama a delação de "fantasiosa" e "tentativa vazia de intrigá-la" com Lula. "A delação implorada de Palocci se constitui num dos momentos mais vexaminosos da política brasileira, porque revela o seu verdadeiro caráter", afirma a nota.

 

Já o ex-presidente Lula afirmou, em nota, que a Lava Jato tem quase 200 delatores beneficiados por reduções de pena. "Para todos perguntaram do ex-presidente Lula. Nenhum apresentou prova nenhuma". Conforme a nota, há outros motoristas e outros sigilos que deveriam ser analisados pelo Ministério Público, que após anos, segue sem conseguir prova nenhuma contra Lula. "Curiosa a divulgação dessa delação sem provas justo hoje quando outro motorista ocupa o noticiário", concluiu. 

 

(AE)

 

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