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O primeiro dia dos próximos quatro anos de governo Bolsonaro

2019-01-03 01:30:00
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"Bem vindo, sr. presidente. Brasília lhe recebe de braços abertos", dizia o outdoor no caminho do aeroporto, com uma foto de Jair Bolsonaro, fazendo sinal de "paz e amor" com os dedos. Que importa que ele tenha passado a maior parte dos últimos 28 anos na cidade? O momento é outro agora. Nas cores da bandeira, a capital se manteve decorada no primeiro dia depois da posse do novo governo. Uma parte do verde e amarelo era decoração oficial; a outra vinha dos vários admiradores que fizeram vaquinha para pagar as homenagens.

 

De manhã muito cedo, a caravana de cearenses que chegaram no último sábado para prestigiar o capitão reformado já pegava a estrada de volta para casa. Liderada por militares, entre eles o tenente Siqueira, mais de 100 motociclistas, carros de apoio e um ônibus tomaram o rumo do Nordeste. Foram até Brasília para ouvir "o comando de missão cumprida", do próprio presidente, que os recebeu pessoalmente.

 

"A Cruzada 17 cumpre na estrada o que cumpriu durante toda esta Batalha Patriótica. Nos deslocamos em uma cruzada da vitória desde Fortaleza até Brasília, reunindo um Batalhão de cruzados bolsonarianos que nos acompanham", diz o grupo.

 

Os ônibus de turismo, lotados de fãs vestidos em estampas com o rosto de Bolsonaro, ainda circulavam. Do lado de fora de um dos vários prédios da Justiça, um rapaz de sorriso largo e satisfeito posava para a foto ao lado do cartaz, também em verde e amarelo, com a frase "Ustra vive".

 

A cidade que deu quase 70% dos votos válidos ao novo presidente amanheceu festiva. Em plenas férias, muitos sentiam aquele clima de vitória de novo, de esperança e renovação. Lua de mel. "Este ano há de ser melhor para nós. Vai ver que agora vai melhorar. Uma coisa diferente, já que o que fizeram até hoje não deu certo", disse o motorista de Uber ao se despedir no fim da viagem.

 

Fardados, militares ainda circulavam pelas ruas e avenidas. Já não exibiam as armas gigantes do dia anterior. Os prédios oficiais continuaram cercados de alambrados, parte do forte esquema de segurança da posse presidencial. Dos que lamentavam esse novo governo, muitos estavam fora da cidade em tempo de recesso. Saíram as primeiras listas de exonerados. "Ninguém sabe ainda como vai ser. Já no governo (Michel) Temer perdi bonificação. Agora vai ser ainda pior. É tudo pelo dinheiro, pelo financeiro. E pra onde esse dinheiro vai? Pra turma deles? Ninguém sabe. Pior para os comissionados, como no Ministério da Educação que tem a maioria nessa situação", afirmou um servidor concursado ao lado de fora do prédio.

 

Isabel Filgueiras

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