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Gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj tinha parentes de 'miliciano'

2019-01-23 01:30:00
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O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) até novembro do ano passado a mãe e a mulher do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM Adriano Magalhães da Nóbrega. O ex-policial é acusado de comandar uma das principais milícias do Estado.

 

Nóbrega, acusado de homicídio e expulso da Polícia Militar, teve mandado de prisão expedido na Operação Intocáveis, desencadeada ontem, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio, e está foragido.

 

O parlamentar atribuiu a indicação das familiares do ex-PM a seu ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como autor de movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão em 13 meses. A defesa do ex-servidor confirmou por nota que seu cliente indicou as duas para os cargos.

 

Segundo a Alerj, a mulher do ex-capitão, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, trabalhou no gabinete de Flávio de 6 de setembro de 2007 até 14 de novembro do ano passado. Já a mãe de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães, esteve lotada no mesmo gabinete de 11 de maio de 2016 até 14 de novembro de 2018. Ambas recebiam salário mensal de R$ 6.490,35.

 

Raimunda é citada no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) feito na Operação Furna da Onça, que investiga corrupção no Legislativo fluminense. Raimunda repassou R$ 4.600 para a conta de Queiroz.

 

A Operação Intocáveis cumpriu cinco mandados de prisão (de 13 expedidos) contra milicianos que atuam nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste. Eles são acusados de grilagem de terras; construção, venda e locação ilegais de imóveis; receptação de carga roubada; e extorsão, entre outros crimes.

 

Entre os presos, está o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, que chefiaria a milícia com o ex-capitão Nóbrega. Os dois testemunharam no inquérito que investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes.

 

Eles são suspeitos de integrar o grupo de extermínio conhecido com Escritório do Crime, que estaria relacionado à execução da parlamentar. A reportagem não localizou seus advogados para que se pronunciassem.

 

Nóbrega e Pereira foram homenageados por Flávio em 2003 e 2004 na Alerj por sua atuação como policiais. Nóbrega foi agraciado com a Medalha Tiradentes, considerada a maior honraria do Estado. Pereira recebeu uma menção honrosa.

 

Em nota, Flávio afirmou que a mãe e a mulher do ex-capitão da PM foram contratadas por indicação de Queiroz. A defesa de Queiroz confirmou que ele conheceu Adriano da Nóbrega quando ambos trabalhavam no 18º Batalhão da PM. Afirmou também que foi ele quem solicitou a homenagem ao policial. 

 

Queiroz confirmou ainda que indicou a mãe do ex-capitão e também a sua mulher para trabalharem no gabinete de Flávio.

 

O ex-assessor é investigado pelo Ministério Público Estadual desde que o Coaf identificou as movimentações atípicas em sua conta. Flávio, como outros 21 deputados, é investigado na esfera cível, por improbidade administrativa, por causa das movimentações bancárias do ex-auxiliar.

 

"O sr. Fabrício solicitou a nomeação da esposa e da mãe do sr. Adriano para exercerem atividade de assessoria no gabinete em que trabalhava, uma vez que se solidarizou com a família que passava por grande dificuldade pois à época ele estava injustamente preso, em razão de um auto de resistência que foi, posteriormente, tipificado como homicídio, caso este que já foi julgado e todos os envolvidos devidamente inocentados", informou a nota assinada pelo advogado de Queiroz, Paulo Márcio Ennes Klein. 

 

(Agência Estado)

 

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