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Temer barra denúncia, mas perde aliados

2017-10-26 01:30:00
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Pela segunda vez em três meses, o presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu rejeitar denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), desta vez por obstrução de justiça e organização criminosa. Com placar de 251 votos contra denúncia e 233 favoráveis, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral) também se livraram provisoriamente das acusações.


O resultado, porém, mostra fragilidade na base do presidente no Congresso e crescimento da figura do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), que preside a Câmara.
[SAIBAMAIS]
É pelas mãos de Maia que passam agora as principais medidas do ajuste econômico, como a reforma da Previdência, que precisa de quórum qualificado para para ser aprovada.


A vitória de Temer no fim da noite de ontem veio após deputados da própria base pressionarem o governo, negando-se a dar presença para abrir sessão. O objetivo era emparedar Temer e forçá-lo a conceder ainda mais contrapartidas políticas pela própria salvação. Maia chegou a encerrar a sessão e iniciar uma nova após sucesso da oposição em esvaziar.


Antes mesmo da votação, o parlamentar do DEM já havia afirmado que a Câmara tem uma agenda econômica para o País, que pretende levar adiante com apoio de deputados da base nos próximos dias.


Para o cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a tentativa de Maia é de ocupar a lacuna de protagonismo perdida com o desgaste de um presidente impopular e com cada vez menos apoio no Congresso Nacional.


Em comparação com a primeira denúncia, votada em agosto, Temer perdeu 12 votos e viu sua base encolher mesmo com liberação de mais recursos e cargos para deputados.

O chamado “balcão de negócios”, articulado com a base aliada nas últimas semanas, foi suficiente para barrar a denúncia, mas não atingiu a expectativa do Palácio do Planalto, que esperava obter entre 260 e 270 votos.


O presidente da Câmara “é um personagem que sai muito forte do processo” por estar agindo como protagonista entre o Executivo e o Judiciário, “centralizando as negociações”, diz Baía. Para o pesquisador, o presidente da Câmara pode se tornar uma figura expressiva em um futuro próximo se conseguir manter as articulações de bastidores.


O professor Francisco Moreira Ribeiro, da Universidade de Fortaleza, diz que Maia já assume o papel de protagonista da República neste momento, com a fragilidade cada vez maior do capital político do presidente.


“A circunstância fortalece a figura de Maia. Ele é resultado das diversas ações improváveis que foram acontecendo em um determinado momento, mas acho que ele não tem cacife suficiente para se manter nesse status”, avalia o professor.

colaborou Rômulo Costa


 


 

Wagner Mendes

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