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Palocci diz que Lula fez pacto com empreiteira

2017-09-07 01:30:00
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O ex-ministro Antonio Palocci disse ontem ao juiz Sergio Moro que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalizou, em 2010, um “pacto de sangue” no qual a Odebrecht se comprometeu a pagarR$ 300 milhões em propinas ao PT.

O acerto, segundo ele, foi feito no fim do governo do petista e incluiu, além dos R$ 300 milhões, um terreno para o instituto do ex-presidente e o sítio de Atibaia (SP). O ex-ministro afirmou que, com a eleição de Dilma Rousseff, em 2010, a empresa “entrou em pânico”, o que levou o patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, a procurar Lula e oferecer esse “pacote de propinas”.

[SAIBAMAIS]

Palocci foi um dos principais auxiliares e homem de confiança do ex-presidente no primeiro mandato do petista. Titular da Fazenda, se tornou o principal interlocutor do PT com os empresários e o setor financeiro.


O ex-ministro foi ouvido em Curitiba como réu em uma ação penal da Operação Lava Jato - segundo denúncia do Ministério Público Federal, propinas pagas pela empreiteira chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal.


Este montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil. Além de Lula e Palocci, são acusados o ex-assessor Branislav Kontic, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outras três pessoas.


No depoimento, o ex-ministro disse que o que chamou de “pacto de sangue” foi firmado entre Lula e Emílio Odebrecht logo após a eleição de Dilma, em 2010.

“Ele (Emílio) procurou Lula nos últimos dias de seu mandato e levou um pacote de propinas, com esse terreno do instituto, que já estava comprado, o sítio para uso da família, que estava fazendo a reforma em fase final, e disse ao presidente que estava pronto, e que tinha à disposição para o presidente fazer a atividade política dele R$ 300 milhões”, afirmou Palocci.

 

Palestras

Do “pacote”, segundo o ex-ministro, fariam parte ainda o pagamento de palestras do ex-presidente e o “prédio de um museu pago pela empresa”. “Envolvia palestras pagas a 200 mil, fora impostos, combinados com a Odebrecht para o próximo ano.”

O ex-ministro disse ter ficado “bastante chocado” com a proposta de Lula e disse que a Odebrecht só estava fazendo aquilo por “receio” de Dilma, já que a empresa temia que o “comportamento” da então presidente eleita “colocasse em risco” os projetos da companhia.


Ele afirmou que Dilma, quando era ministra da Casa Civil de Lula, “criou um embate” com a empreiteira na construção de duas hidrelétricas no Rio Madeira. Com a atuação de Dilma, conforme Palocci, a Odebrecht perdeu uma das licitações e venceu a outra por um preço “ruim”.

 

Saiba mais

 

O ex-ministro Antonio Palocci confirmou também o esquema de fatiamento político entre PT, PMDB e PP da Petrobras para arrecadação de propinas. “Era um intenso financiamento partidário.”


O ex-ministro disse que a Petrobras não era sua área de atuação direta, mas como membro da cúpula do governo ele disse que sabia dos desvios e discutiu isso internamente. Desde 2014, a Lava Jato apontou que os partidos, por meio dos diretores indicados, arrecadava de 1% a 3% de propinas.

 

Adriano Nogueira

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