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Os desafios de Raquel Dodge no comando da PGR após fim da era Janot

2017-09-18 01:30:00
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Deixando um rastro de atuação forte e polêmica no combate à corrupção, Rodrigo Janot despediu-se oficialmente ontem da Procuradoria-Geral da República (PGR). A sucessora Raquel Dodge, escolhida pelo presidente Michel Temer (PMDB), toma posse hoje, às 10h30min no Ministério Público Federal , em Brasília, em mandato de dois anos.

[SAIBAMAIS] 

O perfil que se traça de Dodge é mais “tranquilo” e técnico que o do antecessor, o que seria uma boa notícia para Temer, denunciado duas vezes pelo ex-PGR. Para o cientista político Bruno Reis, no entanto, isso pode ser positivo para o País. “O ambiente político do Brasil piorou nos últimos tempos, tem um atmosfera intrainstitucional muito bruta, agressiva. Nesse momento, recomeçar com um desses protagonistas com perfil técnico deve ser positivo”.


Bruno acredita que é “natural” que se haja preocupação por Dodge ter sido indicada por Temer, mas defende que seja dado o “benefício da dúvida” a ela. “Bem ou mal, ela ficou em segundo lugar na lista tríplice. Se ela puder ser sóbria, manter os processos que têm que ser mantidos, arquivar os que têm que ser arquivados, zelar pelos procedimentos, dará uma enorme contribuição. Combater a corrupção é crucial, mas que seja feito com toda a isenção possível”, diz.


Desafios


A nova PGR recebe o Ministério Público com parte da credibilidade afetada por desempenho de Janot classificado como “político” por críticos. Terá o desafio de manter isenção sem perder o ritmo de trabalho do órgão na Operação Lava Jato.


Precisa dar prosseguimento às investigações e mostrar que não tem dívidas a pagar com Temer, como se especula não só desde a sua indicação, a despeito de ter ficado em segundo lugar na lista tríplice, como por encontro às escondidas com o presidente à noite, no Palácio do Jaburu.


Dodge assume quatro dias após Janot denunciar Temer e terá a responsabilidade de conduzir as investigações e apresentar provas, pedindo, ao final desta etapa, sua condenação ou absolvição. Também vai lidar com mais inquéritos e delações contra membros dos três poderes, entre eles nomes importantes como o do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e os dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).


Dentro do próprio MPF, precisa agir para reunificar o órgão, dividido entre os apoiadores de Janot, que votaram no procurador eleitoral Nicolau Dino para o cargo, e aprovar pleitos de aumento de salário. (Letícia Alves)

Adriano Nogueira

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