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Base quer "enterrar" 2ª denúncia contra Temer em 20 dias

2017-09-16 01:30:00
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Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por obstrução de justiça e organização criminosa, o presidente Michel Temer (PMDB) tenta acelerar, com o apoio da base, a votação da segunda denúncia do procurador Rodrigo Janot, que deixa o comando do Ministério Público na próxima segunda-feira, 18.


Em entrevista ao O POVO, um dos principais interlocutores do presidente na Câmara dos Deputados, deputado Beto Mansur (PRB-SP), afirmou que a peça acusatória, caso seja liberada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deverá ser enterrada em cerca de 20 dias.


O tempo é recorde, já que a primeira representação contra o peemedebista foi votada em 37 dias.

[SAIBAMAIS]

A defesa de Temer apresentou, na última quarta-feira, 13, um pedido à Suprema Corte para que não envie a segunda denúncia contra o peemedebista à Câmara antes do fim da investigação da PGR sobre o acordo de delação premiada do empresário Joesley Batista.


"A própria PGR abriu procedimento para saber se a delação é valida ou não. Se ela está discutindo isso, como pode o próprio procurador apresentar a denúncia (fundamentada pela delação)?", questionou Mansur.


A reviravolta no processo de colaboração do empresário é uma das armas da base para derrotar nova investida da PGR. Para Mansur, a matéria chega mais "fraca" do que a primeira, de acusação por corrupção passiva, pelo "desgaste" de Janot.


"Essa segunda denúncia é um desastre muito grande por parte da Procuradoria. Tudo isso que aconteceu desgastou muito o Janot e toda estrutura de denuncismo que está havendo", disse o deputado.


Oposição

O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Silvio Costa (Avante-PE), jogou a toalha e não acredita em um possível afastamento de Temer com a votação da denúncia na Casa. Um dos mais árduos defensores da então presidente Dilma Rousseff (PT) durante o processo de impeachment, Costa diz que falta "rua" para a análise da denúncia de Janot.

 

"Esse Congresso eu acho que ele vai deixar o Temer continuar, eu lamento muito isso. O Temer vai usar a máquina, distribuir cargos, emendas, vai fazer a mesma coisa que fez com a primeira denúncia", prevê.


O parlamentar disse que a oposição vai “fazer a parte dela”, mas que a disputa política não vai ser fácil. "Nós da oposição vamos fazer o nosso papel, vamos para o debate, para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), vamos fazer tudo para que essa denúncia chegue ao Supremo. Agora, não temos número. São 342 votos para tirá-lo. Dificilmente nós teremos esses votos", disse.

 

Saiba mais


A base do presidente Michel Temer (PMDB) derrotou a primeira denúncia na Câmara dos Deputados no dia 2 de agosto deste ano.


A sessão durou cerca de oito horas e obteve 263 votos pela derrota da denúncia da PGR. O parecer do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomendava o arquivamento da acusação formal da PGR, recebeu apenas 227 contrários. Seriam necessários 342.


A votação contou com 19 ausências e 2 abstenções, o que ajudou o presidente do PMDB a se salvar. Com a decisão, a denúncia contra Temer por este crime só poderá ser eventualmente analisada após o Temer deixar o cargo.


A denúncia, fato histórico no Brasil, acabou se repetindo agora com a acusação dos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa. O rito da segunda investida da PGR é o mesmo da primeira denúncia.

 

Wagner Mendes

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