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"Punição do Jucá é uma condecoração", ironiza Vitor Valim

2017-08-15 01:30:00
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Suspenso por 60 dias do partido por votar a favor da admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, o deputado Vitor Valim (PMDB) ironizou a punição assinada pelo presidente nacional da sigla, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).


“Veja quem me puniu: Romero Jucá. Uma punição do Romero Jucá é uma condecoração. Todo mundo conhece a história dele”, ironizou o parlamentar cearense. Suspenso de todas as atividades partidárias por ir contra a decisão da legenda, Valim diz que uma nova punição deve vir porque vai votar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras de aposentadoria.


“Vai ter outra punição porque também vou votar contra a reforma da Previdência. Eu tenho coerência, agora o Romero Jucá é governo sempre. Eu tenho paixão pelas minhas convicções, e ele tem vocação pelo poder porque já foi líder da Dilma, do Lula, do FHC, do Temer…”

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Além de Valim, os deputados Veneziano Rego (PB), Celso Pansera (RJ), Laura Carneiro (RJ), Sergio Zveiter (RJ) e Jarbas Vasconcelos (PE) também foram suspensos por decisão da instância nacional. O PMDB havia fechado questão obrigando todos os seus filiados a votarem contra a denúncia do procurador Rodrigo Janot.


Durante esses 60 dias, esses deputados não poderão atuar em atividades da Executiva ou de diretórios do partido nos estados. Além disto, o líder da legenda na Câmara, Baleia Rossi (PMDB-SP), pode substituir aqueles que ocupam cargos ou relatorias nas comissões da Casa.


Com 263 votos, a Câmara dos Deputados não recebeu a denúncia da PGR. O presidente só será investigado pelos crimes que constam na denúncia depois que deixar a Presidência, após janeiro de 2019.


O presidente estadual do PMDB, Gaudêncio Lucena, publicou, na última quinta-feira, 10, em sua conta no Facebook, a decisão da legenda.


Outras repercussões

Também comentando a decisão, Jarbas Vasconcelos disse que nenhuma medida “boba, tola e inócua” vai afetar suas convicções. “Uma suspensão não tem efeito. Nenhum parlamentar pode ser privado de seu exercício de mandato”, declarou.

 

Já Zveiter reagiu de maneira mais dura à decisão de Jucá. “Considerei a decisão ridícula e covarde. Ridícula, pois um partido que usa o expediente inescrupuloso de distribuição de emendas parlamentares, cargos e de ameaças de punição ao direito democrático do parlamentar votar não tem autoridade moral para punir quem quer que seja”, afirmou. “Covarde, pois ameaçou expulsar e agora vem com essa suspensão. Como não tenho cargos no governo, não sou de frequentar o palácio de pires na mão e não tenho cargo na liderança no PMDB da Câmara, tal suspensão em nada me afetará”, acrescentou.


Saiba mais


Vitor Valim afirmou ainda que foi pego de surpresa com a punição, atacou duramente Jucá e disse que pode ter sofrido revanchismo por haver dito que o senador estava junto “com o banana de pijama” do Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento. Há rumores de que Zveiter pode se filiar ao Podemos.


A deputada Laura Carneiro também reagiu à decisão do partido.”Essa atitude inabitual do PMDB, nascido da resistência democrática ao autoritarismo, não mudará minhas convicções, nem minha conduta política. Me surpreende o PMDB, que acompanhei na sala de minha casa, punir parlamentares não por uma matéria programática, mas de foro íntimo. Meu mandato está e continuará a serviço do Brasil”, disse a deputada.


Decisão foi comunicada por meio de ofício ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, e inclui também a suspensão de atividades diretivas do partido. A medida é cautelar e o caso ainda deve passar por análise da Comissão de Ética da legenda, que pode indicar novas punições aos seis parlamentares.

 

Adriano Nogueira

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