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Embaixador de Israel e Camilo debatem projeto de dessalinização

2017-08-05 01:30:00
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O novo embaixador de Israel, Yossi Avraham Shelley, esteve ontem com o governador Camilo Santana (PT) para discutir parcerias entre o País e o Ceará. Um dos negócios que ele tenta emplacar é a instalação de usinas de dessalinização no Estado. O projeto faz parte de medidas para combater a escassez de água no Ceará. Os dois também trataram de segurança pública, outra área que Israel se considera expert.


Segundo Shelley, a dessalinização foi um dos meios que Israel encontrou para lidar com a falta d’água em seu território. O projeto começou em 2004 e hoje as usinas já são responsáveis por 80% do abastecimento de água do país. Ele afirma ainda que o custo de transformar a água do mar em potável no Ceará deve ser ainda menor que em Israel porque o custo da energia elétrica e a densidade do sal são mais baixa aqui, o que reduziriam o investimento da produção.


Ele estima que a licitação internacional que deve envolver países como Espanha, Itália, França, além de Israel, deverá estar pronta dentro de seis meses. O governo não confirma esse prazo.


O embaixador ofereceu ainda ao governador o envio de um técnico especializado para apontar falhas e possibilidade de melhorias na segurança pública do Ceará. O especialista deverá chegar em algumas semanas para fazer o estudo. No entanto, nenhum treinamento será dado a policiais cearenses sem que haja contrato com Israel.


Shelley assumiu o posto de embaixador em Brasília há quatro meses, depois de um ano sem representação israelense no Brasil. Ele não é diplomata de carreira, mas empresário e busca oportunidade de negócios entre os dois países. Em visita ao O POVO, ele conversou sobre as expectativas que tem do governo do presidente Michel Temer e dos rumos que a Operação Lava Jato deverá trazer.


O POVO- Como a instabilidade política pode afetar as relações entre Brasil e Israel no momento? Vocês veem o cenário com preocupação?

Yossi Avraham-Primeiramente, este governo tem uma boa relação com Israel no momento. Antes não era tão bom com Dilma e Lula. Mas agora com o governo Temer. Antes eu vim aqui há dois anos e não tinha embaixador por questões políticas. Mas agora estamos usando diplomacia para fazer negócio. Se as pessoas são corruptas não é problema nosso. Acreditamos que a população aqui, os tribunais são muito democráticos. Eu vejo que as pessoas roubam e vão para a prisão. Até em Israel as pessoas roubam e vão para prisão. Normal. Quando tem coisas assim, não é legal. O que se vê é que o governo está lutando contra a corrupção. Não é bom de saber que existe, mas está sendo combatido. É uma boa democracia.

OP- Isso significa que Israel está otimista quanto ao Brasil, então?

Yossi- Sim. Muito otimistas. O Brasil é um país muito importante na América Latina. Nós temos que fazer muitos negócios, por exemplo, comprar soja, leite, café, muitos produtos agrícolas. Em troca, nós vendemos tecnologia para agricultura.

OP- O senhor vê a Lava Jato como algo positivo para a política brasileira, mas e para a economia?

Yossi- Sim, também. Alguns dias atrás, a Câmara decidiu não condenar (dar prosseguimento a denúncia) o presidente Temer. Acho que isso foi algo positivo. Foi um bom momento, um ano e meio, para fazer negócio. Não me entenda mal, ninguém gosta de corrupção. Brasil não gosta, nem Israel. Mas as pessoas são corruptas no mundo todo. Mas o lado bom daqui é que o governo está cuidando disso, o sistema tem funcionado, as pessoas estão sendo presas. É bom, neste País, as coisas estão funcionando, as pessoas entendem que se elas fizeram coisas erradas elas vão pagar por isso.

OP- O senhor diria então que o governo Temer é responsável por aproximar Brasil e Israel?

Yossi- Acredito que as relações são melhores que dois anos atrás. Com Dilma e Lula, elas eram catastróficas. Não eram boas. Mas agora, para reconstruir relações, não pode ser em um dia. São precisos diálogos.

OP- Se Lula fosse eleito, Israel iria rever os esforços e negócios que implantou aqui nos últimos meses?

Yossi- Não vamos pensar em “se”. Quando ocorrer, vamos responder.

OP- O deputado Jair Bolsonaro, de extrema direita, tem sido um defensor de Israel e acredita que o seu país é um modelo a ser seguido. O senhor acredita que seria positivo para as relações se ele fosse eleito presidente?

Yossi- Não saberei dizer. O povo brasileiro tem de decidir. Bolsonaro é evangélico e os evangélicos costumam gostam de Israel porque são mais religiosos e mais conectados a Jesus e à Bíblia. Se o povo decidir bem, tem que partir das pessoas, não vamos interferir. Vamos aguardar.

 

Isabel Filgueiras

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