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De olho em denúncia da PGR, Temer investe na base aliada

2017-07-03 01:30:00
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O presidente Michel Temer (PMDB) deve enviar até amanhã à Câmara dos Deputados sua defesa contra a denúncia de corrupção passiva, apresentada pela Procuradoria-Geral da República. A defesa será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que tem até 10 sessões para analisá-la e emitir o parecer que será votado pelo plenário. Além da jurídica, Temer tem lançado mão de estratégias políticas para garantir a fidelidade dos parlamentares e assegurar a rejeição da denúncia que pode afastá-lo do poder.


Levantamento do jornal Folha de S. Paulo com os 513 deputados federais mostra que apenas 45 disseram que, com certeza, votarão contra a denúncia. Temer precisa do voto de 172. Enquanto isso, 120 garantiram que irão defender a continuidade da investigação – número inferior aos 212 necessários para a oposição. Outros 112 disseram não saber como vão votar e 57 não quiseram responder, tornando-se alvo prioritário da atenção do Planalto.

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Nas últimas semanas, o governo fez uma série de movimentos no sentido de seduzir os aliados e evitar debandadas, tanto para barrar a denúncia da PGR quanto para segurar a governabilidade e aprovar matérias importantes, como a reforma trabalhista, em tramitação no Senado (veja quadro ao lado).


Segundo o cientista político Valmir Lopes, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a suposta “indecisão” dos parlamentares tem a ver justamente com o jogo de interesses entre Executivo e Legislativo, que se torna mais agudo em momentos de crise. “Há a necessidade real de sobrevivência de Temer e de todo o grupo em torno dele, com ministros implicados em denúncias. Em circunstâncias como essa, a fatura cobrada (pelo Legislativo) é alta”, avaliou Lopes.


“No modelo de presidencialismo de coalização constituído no Brasil, o cidadão elege um chefe do Executivo que pode ficar sem base parlamentar. Nesse caso, ele precisa compartilhar o poder com os instrumentos que tem: os mais de 20 mil cargos comissionados e as emendas. Há um problema em utilizar isso do ponto de vista político, mas essa não é novidade, nem particularidade do momento, é histórico”, afirmou Lopes, lembrando casos em que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também se valeu de barganhas com o Legislativo para garantir sustentação em momentos de crise.


Outra estratégia do governo para barrar a denúncia por corrupção na Câmara é apostar em deputados críticos à atuação da PGR, com investidas no grupo que tem interesse em garantir uma derrota ao procurador-geral, Rodrigo Janot. “A tendência é de que deputados votem não a favor de Temer, mas contra o Janot”, afirmou o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP). (com agências)

 

Hébely Rebouças

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