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Aliados minimizam impacto de denúncias sobre o futuro de Cid Gomes

2017-06-10 01:30:00
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Atualizada às 13h

O clima de paz e tranquilidade geralmente desfrutado por quem sai do turbilhão de um mandato não tem acompanhado o ex-governador Cid Gomes (PDT). Em apenas 22 dias, o pedetista sofreu três reveses: virou réu por suposto crime contra o Sistema Financeiro Nacional, teve obra embargada na Serra da Meruoca e viu seu nome envolvido na delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS.


Tudo isso no momento em que Cid, contrariando seu histórico, resolveu antecipar uma possível candidatura ao Senado em 2018. Em 30 de maio, durante encontro do PDT na cidade de Itarema, Cid anunciou que é candidato ao Senado para “não deixar um ladrão assumir”. E até “lançou” a chapa em que estaria inserido, com o deputado federal André Figueiredo (PDT) na disputa pela segunda cadeira de senador cearense e com o irmão Ciro Gomes (PDT) para a campanha presidencial.


A estratégia contrasta com a que o ex-governador costumava adotar: a de adiar, ao máximo, manifestações eleitorais ou definições políticas sobre candidaturas, sua ou de aliados, sempre preferindo às vésperas dos prazos legais para evitar a antecipação do embate com adversários.


Diante da sucessão de problemas que vieram à tona, aliados de Cid minimizam efeitos – mesmo no caso do processo em que Cid é réu, cujas decisões e despachos judiciais tendem a se estender até o ano eleitoral de 2018. Alegam que se trata de “perseguição política”, com o intuito de minar tanto uma possível candidatura do ex-governador ao Senado quanto as pretensões de Ciro à Presidência.


“Acho que não há repercussão nenhuma, até porque as denúncias são completamente infundadas. Cid tem sido muito seguro quando dá explicações sobre os fatos, então vejo que é tudo uma antecipação do jogo sucessório”, opinou André Figueiredo.


O líder do governo Camilo Santana (PT) na Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão, aliado de Cid, também minimiza o impacto negativo nos planos do ex-gestor, mas com base em outra tese: a de que o anúncio da pré-candidatura ao Senado possa ter sido, na verdade, um blefe: “Às vezes, estrategicamente é bom divulgar antes. Quem sabe ele não está querendo desviar o foco para acabar sendo outro candidato... Às vezes, você lança candidato ‘x’ pra tirar o foco de candidato ‘y’. Tudo é possível”, sugeriu Leitão. Questionado sobre quem estaria se movimentando nos bastidores para disputar o Senado, o deputado desconversou: “Aí eu não sei”.


Blefando ou não, Cid terá de se defender da série de acusações como “pessoa física”, sem foro privilegiado e fora do escopo do Governo. “O problema é que hoje no Brasil o camarada virou réu, já tá julgado. Temos de ter serenidade. O fato de responder na Justiça não quer dizer que já foi julgado”, completou Leitão.

O Ibama enviou nota de esclarecimento ao O POVO. Confira a íntegra da nota:

"Cabe esclarecer que a denúncia sobre o crime ambiental na Área de Proteção Permanente (APP) e Área de Proteção Ambiental federal (APA da Meruoca) foi recebida através da ouvidoria do Instituto Chico Mendes (ICMBIO), em Brasília.
Que a fiscalização foi liberada pelo ICMBIO e os autos de embargo e de multa pecuniários foram lavrados pelo ICMBIO.

O IBAMA, atendendo solicitação formal de cooperação interinstitucional formalizada pelo ICMBIO, apenas forneceu equipe técnica especializada para o georreferenciamento da área onde seu deu o crime ambiental.

Isso por si só desmonta a tese de uma suposta "perseguição" política por parte do IBAMA.

Importante ressaltar que ICMBIO e IBAMA são autarquias federais autônomas e independentes entre si.

Por fim, sobre a alegação de uma suposta "arbitrariedade", feita, segundo as informações veiculadas na imprensa, por um dos sócios da empresa autuada, por parte dos dois órgãos federais em questão, cabe esclarecer que empresa autuada tem um prazo legal no processo administrativo instaurado para apresentar as licenças ambientais e autorização de supressão vegetal, caso tenha obviamente.

Herbert Lobo

Superintendente do Ibama no Ceará"

As denúncias contra Cid


19 de maio - O empresário Wesley Batista, da JBS, em delação premiada, disse que Cid Gomes pediu propina para a campanha de Camilo Santana (PT) em 2014. Wesley afirmou que o Estado devia um crédito de ICMS à empresa JBS Couros, em Cascavel, no valor de R$ 110 milhões. E que o Governo teria garantido a liberação do crédito em troca de doação de R$ 20 milhões à campanha de Camilo. Cid repudiou a acusação: “Nunca recebi um centavo da JBS. Todo o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de 782 mil reais”.


7 de junho - Cid vira réu por suposto crime contra o Sistema Financeiro, acusado de participar de fraude em financiamento de R$ 1,3 milhão aprovado pelo BNB para a empresa Corte Oito Gestão e Empreendimentos, que tem o ex-governador como sócio. Segundo o Ministério Público Federal, o pedido de Cid foi concedido com base em uma previsão de faturamento impraticável, além de estar em desacordo com normas de programas do banco. O ex-governador negou irregularidade e destacou que o empréstimo foi feito “regularmente”, “sob as mesmas condições dadas a qualquer pessoa”.


8 de junho - Operação conjunta do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e do Ibama embargou obra em uma área de proteção ambiental na Serra da Meruoca. Dono de 50% das cotas da empresa que conduzia a construção, o ex-governador Cid Gomes (PDT) diz que a ação estava regular e se diz alvo de “clara perseguição política”. Ele afirmou que ação foi “arbitrária” e teve motivações políticas, já que o chefe do Ibama, Herbert Lobo, foi indicado e tem ligações políticas com o PMDB do senador Eunício Oliveira.

 

Hébely Rebouças

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