PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Clima de desconfiança

2017-05-20 01:30:00

Ítalo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura


As delações da JBS que atingem o Ceará revelam uma suposta prática que merece toda a atenção dos órgãos investigadores: a possível deturpação da conhecida política de incentivos fiscais para a atração de empresas, uma das principais medidas de desenvolvimento implantadas no Estado. Em 2015, por exemplo, o Governo abriu mão de cerca de R$ 1 bilhão. Entre 2007 e 2014, foram 208 novas indústrias instaladas ou ampliadas no Ceará. Ao todo, cerca de 500 indústrias participam do chamado Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (FDI) e, ressalte-se, algumas são importantes doadoras de campanha. Em se comprovando o que afirmou o delator Wesley Batista, uma forte desconfiança irá pairar sobre a forma como esse programa é gerido. Sobre o episódio em questão, as explicações de Cid Gomes (PDT) passaram ao largo das acusações. O ex-governador alega que não recebeu “um centavo da JBS” e que seu patrimônio é de R$ 782 mil. Em nenhum momento o delator afirma que os recursos eram para enriquecimento pessoal de Cid. Vale ressaltar que, em 2014, tivemos uma das eleições mais acirradas e caras para o Palácio da Abolição, entre o atual governador, Camilo Santana (PT), e o senador Eunício Oliveira (PMDB), que também teria recebido propina da JBS. Duas figuras estratégicas em relação ao pleito que se avizinha. Logo, a nova polêmica terá influência direta sobre 2018.

Adriano Nogueira

TAGS